Na Geração Z, até 72% dos trabalhadores estão excluídos de direitos

Com a ascensão dos contratos intermitentes, um novo relatório revela que os jovens trabalhadores estão mais expostos a baixos salários, ao desemprego e à menor cobertura de direitos trabalhistas

O trabalho intermitente não é exclusivo do Brasil. O modelo, já presente no Reino Unido, Portugal e Estados Unidos, entre outros, surgiu como resposta a transformações sociais e econômicas como a ascensão dos aplicativos de serviço. Contudo, um novo relatório da Trades Union Congress (TUC), central sindical britânica, lançou luz sobre os efeitos desse modelo sobre as novas gerações. Para os zoomers, como são chamados os membros da Geração Z, falta acesso a direitos trabalhistas: no Reino Unido, 72% deles estão excluídos dos principais direitos, que, por lá, normalmente são ativados após dois anos de serviço contínuo.

Além disso, 13% dos funcionários de 16 a 24 anos têm condições precárias de trabalho. Em acordos intermitentes, as solicitações para a modalidade de trabalho flexível e a garantia de retorno às atividades após alguma licença têm menores chances de serem atendidas. O funcionário inserido neste modelo está sujeito à demanda da empresa, que o contacta para realizar serviços apenas quando necessário. No restante do tempo, o profissional está desocupado e descoberto.

Objeto de intenso debate no Brasil, o contrato intermitente é o regime pelo qual o indivíduo é remunerado de acordo com a quantidade de horas trabalhadas, sem férias remuneradas e intervalos para o descanso, por exemplo.

A lacuna de direitos se une à desigualdade, posto que os jovens negros, grupos minoritários e trabalhadores étnicos têm 12 vezes mais probabilidade de atuar sob estas condições, em comparação aos colegas brancos com idades entre 35 e 49 anos.

No Brasil, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os cargos intermitentes representaram em média 2,8% do total de empregos formais criados no Brasil em 2022. 

Desafios fora de hora e os direitos da Geração Z

Coincidência ou não, a Gen Z também é a mais impactada por problemas relacionados à saúde mental, segundo dados da Fruitful Insights, empresa de análise do bem-estar organizacional.

Iniciativas vêm sendo adotadas ao redor do mundo para melhorar as condições de trabalho e vínculo empregatício dos zoomers. A saber, o New Deal for Working People (Novo Acordo para Trabalhadores, em tradução livre) do Labour, o Partido Trabalhista do Reino Unido, propõe a proibição de contratos intermitentes, a eliminação de distinções de salário mínimo baseadas na idade e o reforço dos direitos gerais da geração dos nativos digitais e de todos os trabalhadores.

A proposta foi elogiada pelo secretário-geral do TUC, Paul Nowak, que enfatizou a importância da mudança desta realidade e considerou como inovador o potencial do projeto. “Demasiados jovens trabalhadores estão presos a um trabalho precário, com salários mais baixos e sem os direitos laborais que a maioria de nós considera garantidos. Isso não está certo”, declarou.

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