A grande renúncia chega ao Japão

Cresce no Japão o número de pessoas insatisfeitas com o trabalho

Embora ainda não esteja enfrentando ondas de demissão semelhantes ao que tem ocorrido em países como os Estados Unidos, o Japão tem quase 9 milhões de trabalhadores que estão pensando em pedir demissão. Depois da pandemia, os profissionais do país, conhecidos pelas longas horas de jornada de trabalho, querem mais flexibilidade.

Segundo uma pesquisa da seguradora Sompo, 44% dos japoneses disseram que as suas prioridades de trabalho mudaram durante a pandemia e que, agora, eles passaram a valorizar mais o tempo livre, a família e o propósito de carreira. Conforme reportou o The New York Times, a palavra da vez é “ikigai”, ou propósito de vida.

Tanto que o percentual de pessoas que se demitem de grandes empresas nos primeiros três anos subiu de 20.5 para 26.5, de acordo com um estudo da Recruit Works Institute.

A tendência é especialmente significativa quando lembramos que o Japão é um país em que por muito tempo a cultura de dedicação extrema ao trabalho e lealdade às empresas predominou. “O covid foi o gatilho para um grande despertar: precisamos continuar trabalhando da mesma maneira?”, disse ao NY Times Kennosuke Tanaka, professor de estudos sobre carreira na universidaded Hosei. “Isso está se provando um grande ponto de virada para o Japão”.

A mudança foi mais acentuada nos mais jovens, mas profissionais na casa dos 40, 50 e 60 anos também fazem parte do movimento. Além das demissões, muitas pessoas estão migrando para cidades menores, com custo de vida menor e maior qualidade de vida.

O pedido de mais flexibilidade até mesmo em sociedades tradicionais como a japonesa mostra que a pandemia trouxe mudanças profundas para todo mundo – e, para as empresas, um desafio ainda maior na retenção de talentos. Resta ficar de olho para ver como essas tendências vão evoluir nos próximos anos.

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