É tempo de mudar: o futuro do RH não pode esperar

“O que vemos é a manutenção dos mesmos paradigmas antigos, enquanto o mundo do trabalho evolui ao nosso redor”, reflete Silene Rodrigues sobre as práticas do RH

Logo Today

Estamos em um momento decisivo na gestão de pessoas. O mundo dos negócios e o ambiente de trabalho mudaram drasticamente, mas o setor de Recursos Humanos (RH) parece estar preso a práticas obsoletas que não acompanham a evolução. Portanto, é hora de questionar: por que continuamos a utilizar métodos que têm mais de 30 anos, sem significativas inovações?

Um exemplo claro disso são as avaliações de desempenho. A ideia de dar notas aos colaboradores, como se estivéssemos em uma sala de aula, é ultrapassada. Um estudo da McKinsey revelou que 70% das organizações que adotaram práticas de feedback contínuo relataram melhorias no engajamento dos funcionários. Por outro lado, as avaliações tradicionais não capturam a complexidade da contribuição dos indivíduos nem reconhecem seu potencial genuíno. Além disso, o conceito de “assessment de potencial” pode ser útil, mas não deve ser a única ferramenta para determinar a capacidade de crescimento e desenvolvimento dos colaboradores. Já sabemos, por meio das pesquisas de Carol Dweck, que o “growth mindset” é fundamental para promover um ambiente motivacional e de aprendizado. Por que, então, ainda aplicamos métodos que limitam a visão sobre capacidades humanas tão dinâmicas?

Outro ponto crítico são as revisões de desempenho semestrais. Embora sejam uma prática comum em muitas organizações, são ineficientes. Na maioria das vezes, essas revisões não refletem a realidade do dia a dia nem oferecem feedback efetivo aos colaboradores. Um estudo da Deloitte mostrou que empresas que utilizam avaliações contínuas têm 30% mais probabilidade de reportar um desempenho superior em comparação com aquelas que não o fazem. Ter um retorno imediato e direto no momento certo é essencial para o desenvolvimento contínuo, mas nossas práticas ainda estão ancoradas em processos engessados.

E como se não bastasse, vivemos um período em que quatro gerações coexistem no ambiente de trabalho. A geração Z, com suas preferências distintas e demandas legítimas, traz uma nova perspectiva que precisamos abraçar. Os jovens dessa geração reivindicam ambientes de trabalho mais flexíveis, inclusivos e que promovam um equilíbrio saudável entre a vida profissional e pessoal. Essas demandas não são rebeldias, mas oportunidades de transformação positiva. Segundo pesquisas da Harvard Business Review, 60% da geração Z valorizam a flexibilidade no trabalho. Isso se torna, portanto, uma questão fundamental para a atração e retenção de talentos.

Com a integração de tecnologias avançadas, como inteligência artificial, em nosso cotidiano, o campo do RH deveria estar alinhado a essa nova realidade e preparado para o futuro. No entanto, o que vemos é a manutenção dos mesmos paradigmas antigos, enquanto o mundo do trabalho evolui ao nosso redor. Estudos da Bersin indicam que empresas que adotam tecnologias de RH avançadas experimentam um aumento de 25% na eficiência operacional e uma melhoria na experiência do colaborador.

É nesse cenário que precisamos agir. O momento de iniciar um movimento em prol da mudança é agora! Aqui estão algumas sugestões sobre como podemos avançar para o bem do futuro do RH:

  1. Inovar nas avaliações de desempenho. Substitua as notas rígidas por uma abordagem mais colaborativa, utilizando feedback contínuo e checagens regulares para promover um diálogo aberto entre líderes e equipes.
  2. Adotar a mentalidade de crescimento: incorporar treinamentos e workshops baseados no conceito de “growth mindset” pode transformar a cultura organizacional e incentivar o desenvolvimento pessoal.
  3. Ouvir e integrar a geração Z. Criar espaços de diálogo onde os jovens colaboradores possam expressar suas necessidades e ideias pode enriquecer a cultura organizacional e trazer novas perspectivas.
  4. Integrar tecnologias com propósito. Utilize a inteligência artificial não apenas como uma ferramenta, mas como um meio de melhorar a experiência dos colaboradores e a tomada de decisões no RH.

É hora de deixar o passado para trás e abraçar as inovações necessárias para construir um ambiente de trabalho mais moderno e eficaz. Não podemos mais esperar. O futuro do RH precisa ser agora!

logo-today
Sua conexão com os principais RHs do país. Assine grátis

Silene Rodrigues

Diretora de Recursos Humanos na Adidas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.