Energia para Transformação

Para a Today, José Renato Domingues escreve sobre a segurança psicológica necessária para a transformação empresarial

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Observando líderes de negócios com os quais me relaciono, executivos, empresários, empreendedores sociais, consultores e funcionários de órgãos governamentais, notei nos últimos tempos um interesse comum: a busca interna por um significado maior para suas vidas profissionais. 

Alguns chamam de propósito mais elevado, outros de “força interior que nos move” e outros mencionam uma dimensão sagrada e espiritual que lhes falta no cotidiano.

Várias dessas conversas foram por meio do meu trabalho de mentoria com esses líderes. Me sentindo também motivado a me aprofundar nessa dimensão para que pudesse ter conversas mais significativas com eles, decidi eu mesmo ampliar minha experiência com esses temas. 

Inúmeras pessoas e dezenas de cafés e almoços depois, encontrei um caminho no qual senti confiança que atingiria meus objetivos. Fui para um retiro global de líderes, junto à natureza, para me entregar de corpo e alma a experimentar o que tantos estavam (e eu mesmo, depois reconheci) buscando. 

Um trabalho detalhado, com muita preparação prévia e com uma condução cuidadosa, que nos fez explorar nossas profundas crenças e paradigmas. Dalí, emergimos com visões bem lúcidas sobre qual o nosso papel como líderes nas organizações nas quais estamos e nossa contribuição para a sociedade naquilo que mais nos diferencia – nossa humanidade. 

O resultado ainda está se materializando em minha vida e nas dos meus companheiros desse retiro – e é muito positivo e revigorante. Mas o processo para chegar a esse ponto foi fisicamente desgastante, emocionalmente extenuante e psicologicamente desafiador. Em uma palavra: transformador.

Vários CHROs e muitos outros executivos têm se dedicado a transformar as organizações nas quais trabalham. Existe uma demanda frequente e ampla por novos modelos de gestão e novas formas de se fazer negócio em um ambiente competitivo e que exige agilidade para sobreviver. 

Em geral, a maior limitação que ouço para a transformação das empresas e dos mercados passa pelo baixo interesse dos líderes de transformarem eles mesmos e de deixarem que as pessoas integrantes dos times que lideram também se transformem. 

Se é para ser de verdade – eu agora sei na prática – deve ser com integridade e com muita força interior.

A força a que me refiro aqui é a dos nossos valores e da nossa energia vital. Experiências místicas e transformacionais nos exigem contato com aquilo que de mais humano nós temos. 

Ser capaz de identificar o que somos, como chegamos até aqui e quem foi fundamental para isso é revelador sobre o futuro – pois também precisamos acreditar em algo novo, nos construir constantemente e buscar apoio e suporte de pessoas que nem conhecemos ainda. É um trabalho em tempo integral. Exige atenção e energia – muita energia!

Uma abordagem que conheci há alguns anos sobre essa “gestão” da nossa energia e com a qual me identifiquei e pratiquei é a da empresa The Energy Project – uma empresa especializada em preparar pessoas para os desafios mais incríveis que elas quiserem se expor. 

Nesse momento em que os modelos organizacionais de trabalho estão sendo questionados e as pessoas precisam aprender mais sobre seu mundo interior e as novas relações com os outros, é muito importante ganhar essa consciência e construir essa competência.

Nessa minha experiência, também foi importante um acordo de confidencialidade entre nós. Não daqueles redigidos em papel e assinado por todos – mas um entendimento de que somente com essa segurança psicológica seria possível nos vulnerabilizar a ponto de atingir o nosso próprio âmago. 

Trazendo tudo isso para o mundo corporativo, vale a pena questionar aí na sua empresa quanto de segurança psicológica tem sido criada para que as pessoas possam se transformar e aprender.

Transformar empresas passa por questionar o que já fazemos, fazer perguntas básicas e poderosas sobre o que deve permanecer e o que precisa mudar. A gestão das pessoas, nesse processo, precisa de um cuidado extraordinário com a segurança e a preservação das vulnerabilidades.

Mesmo nas práticas mais corriqueiras do cotidiano de uma empresa, como a negociação, há abordagens de muito sucesso que buscam despertar nas pessoas a necessidade de ir fundo em nossas crenças para que sejamos íntegros como negociadores. 

Um ótimo exemplo dessa abordagem está no livro “Winning from Within” (de Erica Ariel Fox), desenvolvido na Harvard Law School e sistematizado na Harvard Business School. Recomendo a leitura para todos os que querem liderar transformações em seus negócios. 

Boa parte do que se conversa e se pratica em retiros como o que participei ainda é visto como tabu nas empresas. Temas como amor, humildade, senso de servir e generosidade ainda são identificados como “soft skills”, na mais pura acepção de que “soft” significa fraco e sem importância. Uma visão distorcida e apequenada, já que esses elementos são a base do que nos torna mais humanos e empáticos. Liderar com essa energia interna é cada vez mais uma necessidade e um privilégio.

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<strong>José Renato Domingues</strong>
José Renato Domingues

É conselheiro, executivo e investidor anjo em startups. Atua como conselheiro de administração em grandes empresas e é vice-presidente corporativo na holding da CTG. Escreve sobre as mudanças na sociedade para a Think Work.

Comentários Energia para Transformação

  1. regiane zanatta disse:

    Cada vez mais aprendo com o alto nível do conteúdo dessa news.

    Obrigada.

    Abraços,

    Regiane

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