Para a Today, Elisangela Almeida escreve sobre sua experiência no TIEMBA, um dos mais renomados programas de formação de líderes do mundo
Em 2022, eu enfrentei um divisor de águas em minha trajetória profissional. Inspirada pelo desejo ardente de expandir minha carreira internacionalmente e por uma paixão latente por aprendizado, tracei meu caminho em direção à renomada INSEAD.
Como se o destino tivesse traçado meu roteiro, recebi um convite para uma sessão explicativa sobre os MBA’s, onde soube da existência de uma formação com duplo diploma Tsinghua-Insead (TIEMBA), com a maioria das aulas em Pequim.
A decisão tornou-se clara: era hora de embarcar para a China. As palavras de um professor da INSEAD ressoam profundamente em mim: “Se você quer ser uma líder, venha para nós”. Mais do que uma educação formal, estava em busca de uma formação que me moldasse como líder, e percebi que o TIEMBA seria o lugar certo para isso.
Em meio a um processo seletivo rigoroso e uma emocionante cerimônia de abertura em Pequim, foi a aula inaugural do Professor Chen Zhangwu que permaneceu comigo. Ele falava da importância de ser “uma boa pessoa”, destacando que mais do que habilidades técnicas ou profissionais, o que realmente importa é a integridade e o caráter.
No entanto, minha jornada pelo TIEMBA também me ensinou valiosas lições sobre a dinâmica entre liderar e ser liderado. Em uma atividade de team building nas proximidades da Grande Muralha da China, fui apresentada à liderança prática de Doris, uma colega que exibiu uma capacidade excepcional de gestão e cuidado.
Com estratégias claras, como a designação de “padrinhos” para auxiliar na tradução, ela demonstrou o que significa ser responsável por uma equipe. Mesmo em meio a desafios, como o sacrifício de alguns membros para o bem maior, Doris mostrou empatia e arrependimento, mostrando a complexidade do papel de um líder.
Por exemplo, em outra equipe, aconteceu de uma pessoa do outro time chegar atrasada e o time ser penalizado pagando flexões, todo time menos a pessoa que chegou atrasada.
Finalmente, uma atividade envolvendo cordas solidificou meu entendimento sobre a relação simbiótica entre líderes e liderados. Enquanto segurávamos a corda, nossos líderes caminhavam sobre ela, ilustrando a dependência mútua entre ambos. Os líderes confiavam em nossa força e apoio, enquanto nós, por nossa vez, confiávamos em sua direção e visão.
Nesta jornada, aprendi que a liderança é uma dança delicada de responsabilidade e apoio. Jean-Jacques Rousseau, em “O Contrato Social”, descreveu o equilíbrio entre liderança e sociedade. No mundo corporativo, isso se traduz em líderes que se dedicam ao bem-estar e crescimento de seus liderados. E, como minha experiência no TIEMBA demonstrou, os liderados, por sua vez, desempenham um papel crucial em apoiar e fortalecer seus líderes.
Neste balé de responsabilidades e dependências, está claro que, para ser um líder eficaz, é preciso não apenas guiar, mas também ser guiado. E para ser um liderado eficaz, é necessário não apenas seguir, mas também apoiar e desafiar seus líderes. Em resumo, seja em Pequim, nas salas de aula de Tsinghua ou em qualquer outro lugar do mundo, ser líder é ser responsável e cuidar do outro, e ser liderado é apoiar e sustentar seu líder.
Elisangela Almeida
Executiva financeira com mais de 20 anos de experiência, conselheira de administração sobre planejamento financeiro e estratégico e co-fundadora do Conselheira 101 e do W-CFO.