Colapso pós-trabalho, uma condição cada vez mais comum

Entenda como o Colapso de Contenção Pós-Trabalho afeta os profissionais e veja as estratégias para lidar com o esgotamento causado pelo emprego

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Recentemente, me deparei com um artigo que me fez refletir sobre algo presente em nossas vidas profissionais. Quantas vezes sentimos que estamos no limite ao final de um dia de trabalho, mas não temos clareza do que exatamente está acontecendo?

O texto, publicado no The Huffpost, trouxe um nome para esse fenômeno: Colapso de Contenção Pós-Trabalho. Fiquei satisfeita ao ver que esse “sintoma” da vida contemporânea tem uma definição, porque quando conseguimos nomear algo, nos tornamos mais capazes de agir sobre aquilo.

Como líderes e profissionais de RH, é fundamental estarmos atentos a esse tema, pois ele impacta não só o nosso bem-estar, mas também o das nossas equipes e a saúde da organização como um todo.

O artigo aborda o conceito de Colapso de Contenção Pós-Trabalho (Post-Work Restraint Collapse, ou PWRC), algo que muitos de nós experimentamos depois de um dia longo e desgastante de trabalho. Após reuniões intermináveis, pressões por prazos e interações difíceis, muitos de nós chegam em casa se sentindo esgotados, irritados ou até mesmo à beira das lágrimas. Esse é o tal colapso pós-trabalho, um fenômeno que afeta nosso bem-estar emocional e mental.

Na sociedade atual, somos constantemente pressionados a dar conta de tudo. Ser excelentes em nossos trabalhos, manter uma vida pessoal ativa, cuidar da saúde, ter uma alimentação equilibrada e, ainda, buscar aquele equilíbrio quase inalcançável entre vida pessoal e profissional. Não é surpresa, então, que muitos de nós cheguem ao fim do dia à beira do colapso.

Durante o expediente, equilibramos prioridades, controlamos emoções e buscamos sempre entregar o melhor resultado. Mas, ao chegar em casa, nos sentimos seguros para liberar as emoções acumuladas ao longo do dia. Esse é o momento em que o Colapso de Contenção Pós-Trabalho se manifesta.

Embora qualquer pessoa possa experimentar o PWRC, alguns grupos são mais propensos. Profissionais em cargos de gestão, aqueles que enfrentam ambientes de trabalho de alta pressão ou tóxicos, ou que têm dificuldade em definir limites, estão particularmente em risco. Pessoas de comunidades marginalizadas, que precisam “mudar de código” para se encaixar no ambiente de trabalho, e aqueles com neurodivergências ou condições de saúde mental também enfrentam desafios adicionais.

Esse conceito é relativamente novo, mas podemos resumi-lo em uma palavra: esgotamento. Ele pode se manifestar como uma sensação de vazio, falta de energia para atividades que normalmente seriam prazerosas e uma sensibilidade emocional elevada. Você pode se sentir mais irritado, impaciente e até ter dificuldade em controlar impulsos, como dizer algo que não pretendia para alguém próximo ou recorrer a hábitos menos saudáveis. Sintomas físicos, como dores de cabeça e tensão muscular, também podem surgir.

É possível prevenir ou preparar-se para o colapso pós-trabalho?

Sim, a prevenção começa com a preparação mental. Ajustar expectativas pode fazer toda a diferença: ao invés de prometer estar de ótimo humor ao chegar em casa, reconheça que é normal se sentir esgotado. Aceitar essa realidade ajuda a gerenciar os sintomas.

Durante o trabalho, é importante definir limites e praticar habilidades de gerenciamento de estresse, como fazer pausas regulares. Quando estiver a caminho de casa, ou finalizando o expediente, reserve um momento para descomprimir – ouvindo música, um podcast ou até aproveitando o silêncio.

Validar seus sentimentos é fundamental. Reconheça o que está sentindo e cuide de si mesmo. Isso pode envolver atividades como caminhar ao ar livre, assistir à sua série favorita ou praticar um hobby que você goste. O exercício físico também é um grande aliado, ajudando a liberar emoções negativas e aliviar o estresse. Descanso é igualmente importante. Permita-se desligar e realmente descansar a mente, seja através de uma breve soneca, prática de mindfulness ou simplesmente curtindo momentos relaxantes, como acariciar seu animal de estimação.

Quando falamos em políticas de gestão de pessoas com foco em bem-estar, é de fundamental importância ter em mente que nós somos seres individuais. O que funciona para uma pessoa pode ser exatamente o gatilho de mais estresse para outra. Em minha opinião, a melhor forma de tratar a harmonização entre vida pessoal e profissional é oferecendo a oportunidade de escolha, trazendo, na medida do possível, a possibilidade de personalização. Afinal, se somos capazes de oferecer customizações para nossos consumidores, por que não fazer o mesmo com nossos colaboradores?

O Colapso de Contenção Pós-Trabalho é uma realidade que muitos trabalhadores enfrentam, profundamente ligada ao estresse do ambiente profissional. Ao reconhecer seus sinais e adotar estratégias de autocuidado personalizadas, podemos aliviar o peso dessas emoções e buscar um equilíbrio mais saudável. Nomear e entender esse fenômeno é o primeiro passo para agir sobre ele.

Vamos priorizar nosso bem-estar emocional e mental e construir um futuro profissional mais sustentável.

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Silene Rodrigues

Diretora de Recursos Humanos na Adidas.

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