Organizações adotam abordagem baseada em habilidades para superar a falta de talentos, aumentar a agilidade e promover a inclusão
No mundo corporativo moderno, enfrentar a escassez de talentos qualificados é uma realidade complexa e preocupante.
De acordo com o estudo Escassez de Talentos, do Manpower Group, 77% das organizações, ou seja, quase quatro de cada cinco empregadores, passaram por desafios na contratação. Entre as respondentes brasileiras, 80% afirmam que não encontram profissionais com as habilidades desejadas.
Diante disso, muitas organizações estão adotando uma abordagem baseada em habilidades (Skills-Based), que foca no desenvolvimento e na utilização das capacidades das pessoas como os principais impulsionadores do crescimento organizacional.
Implementar uma estrutura baseada em habilidades possibilita que as empresas descrevam o trabalho em termos de tarefas e atividades necessárias para alcançar resultados esperados. Isso envolve desconstruir empregos tradicionais em partes menores, que focam no “trabalho a ser feito”, permitindo uma realocação mais eficiente dos profissionais conforme as demandas mudam.
Tal estratégia não apenas aumenta a agilidade das organizações, mas também promove uma inclusão mais ampla ao reconhecer e valorizar diferentes talentos e formas de aprendizado.
A prática de flexibilizar os requisitos de graduação para empregos já é adotada por empresas como Bank of America, Accenture e IBM, que abrem oportunidades para um conjunto mais amplo de talentos com experiência prática.
Além disso, companhias como Mastercard e Unilever estão redesenhando mercados internos de talentos ao reorganizar o trabalho em torno de habilidades específicas. Essa abordagem ajuda na visibilidade das competências necessárias e identificação de talentos, apoiada por tecnologias avançadas de plataformas como Fuel 50, Skyhive e Gloat.
No entanto, a transição para uma organização baseada em habilidades apresenta desafios significativos. Construir uma taxonomia de competências que seja suficientemente flexível para se adaptar a uma variedade de aplicações e contextos é complexo. Além disso, avaliar habilidades com a precisão necessária é um desafio técnico e metodológico.
É importante que essa abordagem não negligencie outros aspectos críticos do desempenho humano, como motivações, interesses e experiências vividas, para evitar uma visão reducionista do capital humano.
Portanto, enquanto as organizações buscam adaptar-se às mudanças rápidas e muitas vezes imprevisíveis do mercado, adotar uma visão holística e multidimensional que combine tecnologia avançada com uma compreensão rica do comportamento humano e das dinâmicas organizacionais é essencial.
Esse é o caminho para não apenas preencher as lacunas de habilidades existentes, mas também para garantir um ambiente de trabalho mais inclusivo e adaptável, que esteja preparado para o futuro do trabalho.