Brasil caiu doze posições no ranking de Felicidade Mundial

Números comprovam: estamos mais tristes. Segundo pesquisadores, os dados refletem o impacto da covid-19 na felicidade

Quem ainda acredita que o brasileiro é o povo mais feliz do mundo precisa consultar o Relatório da Felicidade Mundial. Ali, em primeiro lugar, entre 95 nações pesquisadas, está a Finlândia. Na sequência aparecem Islândia, Dinamarca, Suíça e Países Baixos. O Brasil? Bem, o Brasil caiu da 29ª posição entre os anos de 2017 e 2019 para a 41ª posição em 2020.

Um estudo conduzido por pesquisadores independentes apoiados pelo Gallup World Poll, a nona edição do Relatório da Felicidade Mundial investigou as consequências da pandemia no mercado de trabalho e no bem-estar das pessoas. Em função da covid-19, os pesquisadores diminuíram a amostra, não puderam realizar entrevistas pessoais em 2020, contatando os entrevistados por telefone, e pedem um pouco de cautela na interpretação dos resultados. Mesmo assim, a classificação do Brasil em anos anteriores à pandemia já deixa o país muito longe de ser o mais feliz do planeta.

A avaliação dos pesquisadores levou em conta renda per capita, suporte social, expectativa de vida saudável, liberdade para fazer escolhas e percepções de corrupção. Na média global dos países pesquisados, o afeto negativo mostrou um significativo aumento, com destaque para preocupações e tristezas – aqueles que relataram estar desempregados ou inativos durante a pandemia relataram também níveis significativamente mais elevados de afeto negativo do que aqueles que estão empregados em tempo integral. Também houve alta no número de pessoas que se declararam estressadas. Para os pesquisadores, esses dados refletem o impacto da covid-19 na felicidade.

Ao analisar o mercado de trabalho, os pesquisadores assinalam que, em janeiro de 2021, mais de 90% da força de trabalho mundial viviam em países onde os fechamentos de empresas ainda estavam em vigor em pelo menos alguns setores. A covid-19 fez despencar o número de ofertas de trabalho e crescer o número de desempregados em todo o mundo. Dados do site internacional de empregos Even.com mostram que, em muitos países a oferta de empregos caiu mais de 50% em abril do ano passado.

Mesmo os trabalhadores que mantiveram seus empregos terminaram tendo suas horas de trabalho reduzidas em muitos casos, em função da pandemia. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), as horas de trabalho globais diminuíram 17,3% no segundo trimestre de 2020, o que equivale a 495 milhões de empregos em tempo integral perdidos. A renda, por sua vez, diminuiu 8,3% em 2020, totalizando perda de US$ 3,7 trilhões (4,4% do PIB global). Mudanças assim, segundo os pesquisadores, têm impactos no bem-estar. Na Europa Ocidental e na América do Norte, os trabalhadores em tempo integral estavam de 1,11 a 1,31 pontos mais satisfeitos com suas vidas que aqueles que estavam desempregados.

Além disso, os impactos econômicos da pandemia têm sido mais fortemente sentidos nos países em desenvolvimento. Desde março de 2020, os trabalhadores em países de renda média mais baixa vêm experimentando uma redução 43% maior em horas de trabalho e renda do que os de países de renda mais alta. Nesses países de renda mais baixa, a queda resultante na renda é estimada em 86%.

Essas desigualdades se reproduzem também conforme a qualificação dos trabalhadores, mesmo nos países de renda mais alta. Na Irlanda, por exemplo, os trabalhadores de baixa renda que tiveram a jornada de trabalho reduzida equivalem ao dobro dos trabalhadores de alta renda. Na Suécia, os trabalhadores de baixa qualificação tiveram suas horas de trabalho reduzidas três vezes mais que a média nacional. No Reino Unido, quase um terço das famílias de baixa renda perderam mais de 20% de seus ganhos, enquanto apenas um quinto das famílias de alta renda relatou o mesmo. 

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