Reino Unido nega licença de trabalho para mulheres em menopausa

Proposta previa proteção aos direitos das mulheres em menopausa no mercado de trabalho; governo alegou “risco de discriminação a homens”

O governo do Reino Unido rejeitou uma proposta para criar mecanismos legais de proteção  trabalhista aos direitos de mulheres que estejam vivenciando a menopausa. Uma das sugestões era a criação de um projeto-piloto de licença de trabalho para as trabalhadoras no período.

Na rejeição, o governo alegou que a medida “não é necessária” e que poderia “ser contraprodutiva”. “A proposta pode gerar consequências não intencionais que podem, inadvertidamente, criar novas formas de discriminação, como, por exemplo, discriminação de homens que sofrem com condições médicas de longo prazo”, diz o comunicado oficial. 

Como solução, uma fonte do governo declarou que o estado “encoraja empregadores a serem solidários e flexíveis com as necessidades dos seus funcionários, e a estarem comprometidos a apoiar mais políticas de trabalho flexível – que o tornem o padrão, a menos que os empregadores tenham boas razões para não o fazer”.

A proposta foi criada pelo Comitê de Mulheres e Igualdade, que publicou um estudo sobre mulheres em menopausa no mercado de trabalho. O relatório também recomendou que a categoria fosse contemplada como parte do Equality Act, a legislação britânica que protege grupos minorizados. O pedido foi negado pelo governo. 

Em resposta ao comunicado oficial, a membro do parlamento britânico Caroline Nokes escreveu uma carta à Ministra da Saúde, Maria Caulfield, e disse que o governo “perdeu uma oportunidade de impedir que um vasto número de mulheres talentosas e experientes deixem o mercado de trabalho”. 

No ano passado, um estudo feito pela instituição de direitos femininos Fawcett Society mostrou que uma a cada dez mulheres deixaram o trabalho devido aos sintomas da menopausa. Outras 14% reduziram suas horas de trabalho, 14% optaram por trabalhar apenas meio período e 8% não se candidataram para promoções. Foram entrevistadas mais de 4 mil britânicas, com idades entre 45 e 55 anos, que estão na perimenopausa ou na menopausa. 

Outro levantamento mostra que os julgamentos trabalhistas relacionados à menopausa cresceram 44% em 2021, indo de 16 para 23 casos. Outros processos que citam o termo também aumentaram 75%, segundo os dados do Menopause Experts Group, grupo de apoio à mulheres em menopausa. 

Segundo o Hologic Global Women’s Health Index de 2021, o sistema de saúde para mulheres no Reino Unido é tão ruim quanto em países como o Cazaquistão e pior do que em países como a China, os Estados Unidos, a Austrália, a Nova Zelândia e a Alemanha.

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