Especialistas em segurança do trabalho temem que custo da tecnologia seja repassado aos trabalhadores e que faça empregadores negligenciarem importância de pausas e hidratação
Com os verões cada vez mais quentes, novas tecnologias estão sendo criadas para proteger trabalhadores do calor intenso.
Pesquisadores e designers estão desenvolvendo tecidos especiais que refletem o calor, prometendo aliviar o estresse térmico em ambientes urbanos, rurais e industriais. Um dos materiais apresentados recentemente é composto por camadas de fibras plásticas e nanofios de prata, e foi projetado para ajudar a manter o corpo fresco.
Apesar de parecer uma boa notícia, especialistas em segurança do trabalho alertam que essas tecnologias sozinhas não bastam, e podem acabar até agravando problemas já existentes de exploração laboral.
De acordo com Nellie Brown, diretora de programas de saúde ocupacional da Universidade Cornell, a exposição contínua ao calor extremo sem pausas e hidratação adequadas pode causar doenças graves, como insolação e, em casos extremos, danos cerebrais e falência renal. E não há garantias que os tecidos evitem esses problemas.
Além disso, há a questão do custo e manutenção dessas roupas. Segundo Dominique O’Connor, da Associação de Trabalhadores Rurais da Flórida, é possível que os trabalhadores acabem sendo forçados a arcar com a compra e manutenção dessas vestimentas especiais. Isso poderia transformar uma solução inovadora em mais um fardo.
Embora esses novos tecidos tecnológicos sejam interessantes e tenham a intenção de mitigar os efeitos de eventos climáticos extremos, elas não devem substituir políticas focadas em ESG e na saúde dos profissionais.
A prioridade deve ser garantir condições de trabalho seguras e justas, com regulamentações claras e fiscalização atualizada para as mudanças climáticas que estamos vivendo.