De 100 vagas executivas publicadas em 2020 por 50 empresas, nenhuma exigia que o candidato estivesse alocado na mesma cidade do endereço corporativo
Em maio do ano passado, a plataforma de comércio eletrônico Shopify, sediada em Ottawa, no Canadá, se tornou “digital por padrão”, permitindo que todos seus 7 mil funcionários trabalhassem de qualquer lugar – permanentemente e não apenas enquanto houvesse pandemia. Hoje, a vice-presidente de engenharia da empresa dá expediente na Califórnia, enquanto um vice-presidente de produto trabalha em Nova Iorque e um diretor administrativo, em Vancouver.
O movimento do “work anywhere” tem sido observado entre os recrutadores do Vale do Silício, nos Estados Unidos. Se antes da covid-19 fechar os escritórios em todo o mundo eles acenavam aos candidatos com mesas de pingue-pongue e médicos nas empresas, agora abriram uma batalha pelos melhores profissionais remotos. Na guerra por talentos, o benefício mais atrativo é poder trabalhar de qualquer lugar – não importando onde seja a casa do candidato.
Segundo a consultoria de headhunter Artisanal, que atende a clientes no Vale do Silício, das 100 buscas executivas realizadas em 2020, para 50 empresas, nenhuma exigia que o candidato estivesse alocado na cidade do endereço corporativo. Antes da pandemia, pelo menos 90% dos clientes da consultoria queriam que os novos executivos estivessem ao menos perto de suas sedes.
Para profissionais de tecnologia e recrutadores, as companhias que ainda exigem que os líderes estejam na matriz correm o risco de parecer lentas e antiquadas. Já a abordagem livre de limitações geográficas do trabalho anywhere favorece a contratação dos melhores candidatos – e é algo que um número cada vez maior de pessoas está disposta a aceitar.
No entanto, apesar dos avanços tecnológicos, que incluem até bots para facilitar a integração entre as equipes, ainda há desafios a serem superados no trabalho anywhere. O principal deles pode estar na diferença de fuso horário dos integrantes de um time.