Outras responsabilidades, demissões e realocações são os principais motivos para buracos no currículo; mulheres são mais afetadas do que homens
Em períodos de crise, como a pandemia de covid-19, é mais comum que profissionais passem a ter buracos no currículo, ficando um tempo considerável sem algum trabalho fixo para adicionar às suas experiências. Uma pesquisa feita pela Indeed Flex, plataforma de trabalho flexível, apontou que 68% das pessoas já tiveram um buraco no currículo.
Entre as principais razões pelas quais os profissionais tiveram que ficar um tempo afastados do trabalho estão: responsabilidades (39%), demissões (25%) e realocações (16%).
O primeiro motivo, as responsabilidades, incluem o trabalho de cuidado, que, como mostram diversos estudos, recai mais sobre as mulheres e as penaliza com o afastamento do trabalho. A pesquisa também reflete essa realidade: entre as pessoas que precisaram tirar um tempo do trabalho para cuidar da família, mais mulheres foram afetadas (44%) em comparação com os homens (31%).
No Brasil, esses afastamentos (junto às demissões) fizeram a participação feminina no mercado de trabalho regredir ao nível de 30 anos atrás.
Além das mulheres, outros grupos minorizados, como pessoas acima dos 50 anos, pessoas com deficiência e aqueles com ficha criminal, também costumam apresentar buracos no currículo. Ainda, a pandemia fez com que muitos ficassem desempregados pela primeira vez na vida.
Todos esses fatores contribuem para que a trajetória profissional dessas pessoas seja interrompida, o que leva a dificuldades em encontrar um novo emprego. Segundo a pesquisa, 60% dos profissionais acreditam que buracos no currículo tornam mais difícil conseguir uma recolocação em tempo integral.
A resposta, segundo especialistas, está na reformulação de como a gestão de pessoas realiza seus processos de recrutamento. Para grupos minorizados, especialmente aqueles com buracos no currículo, é preciso uma busca ativa e direcionada para esses perfis. Outro ponto importante é rever anúncios de vagas e descrições de cargos para adequá-los a uma linguagem inclusiva que não desencoraje certas pessoas a se candidatarem.
Outro recurso que pode ser útil é a possibilidade de adicionar essa pausa na carreira no LinkedIn. Em 2021, a plataforma lançou uma ferramenta que permite criar cargos, como, por exemplo, “mãe ou pai em tempo integral”.
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