Em diversos países o cenário se repete: médicos e enfermeiros desistindo da profissão por conta das condições enfrentadas durante a pandemia
A crise de coronavírus, que sobrecarregou hospitais no mundo todo, levou a um êxodo nunca visto no setor da saúde. Só de fevereiro de 2020 para cá, quase meio milhão de médicos e enfermeiros pediram demissão nos Estados Unidos, segundo dados do Bureau of Labor Statistics.
Já Portugal enfrentou uma onda de demissões em massa de profissionais. Em outubro deste ano, por exemplo, metade dos chefes das equipes de emergência do Hospital de Braga, uma dos maiores do país, se demitiu alegando falta de condições básicas para trabalhar. O número reduzido de pessoas foi um dos pontos apresentados.
No Brasil, embora não existam dados do êxodo de profissionais da saúde, a situação é semelhante. Segundo uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas em março deste ano, que entrevistou 1.829 profissionais da linha de frente brasileiros, 80% dos trabalhadores da saúde relataram sintomas de exaustão mental por conta da pandemia. E a maioria (70%) disse se sentir despreparada para enfrentar a crise sanitária no trabalho.
Além das jornadas exaustivas, a duração da pandemia, que já se arrasta por quase dois anos, aumentaram a pressão nos profissionais da saúde. Para completar, os atuais pacientes com covid-19, majoritariamente quem se recusou a tomar a vacina, também são mais difíceis de tratar, pois se recusam a realizar procedimentos básicos ou agridem médicos e enfermeiros.
A saída de profissionais na área de saúde pode ter um efeito negativo de longo prazo na sociedade, principalmente com o envelhecimento da população. Talvez os benefícios para atrair e manter esses funcionários precisem ser diferentes no pós-pandemia.
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