Gamificação no RH: empresas engajam para ensinar e avançar de fase 

Na capacitação digital, projetos baseados nos pilares da inovação e dos jogos provam que o treinamento lúdico e tecnológico dos funcionários ajuda as companhias a chegar mais longe no game do sucesso

Provavelmente, você já ouviu falar no fantástico Walt Disney World. Mas será que você sabe que essa máquina de sonhos tem tudo a ver com inovação? Como todo projeto inovador, o mundo Disney foi feito de tentativa e erro. Antes de se tornar um sucesso, o parque temático colheu muitos fracassos. Entre game overs e acertos, não faltaram ideias e ações, que dependem de liberdade para acontecer – uma liberdade que o jogo dá.

Este é o ideal compartilhado por diversas empresas que vêm investindo na gamificação, com muitos casos positivos, independente de quantas voltas a montanha russa dos negócios possa dar.

Em nossa Biblioteca de Cases, que conta com alguns dos projetos de RH mais inovadores do país, é possível ver marcas como Raízen, Klabin, Randstad, Cobmax, Skeelo, Vivo e Saint Gobain apostando suas fichas em um verdadeiro fair play.

Gamificação: aprendizado e engajamento

Não é à toa. Do inglês gamification, a prática de transformar trilhas de aprendizado ou carreira dos funcionários, ou mesmo a relação com os clientes, em jogos tem crescido no país nos últimos cinco anos. Cresce porque dá resultado. De acordo com pesquisa da TalentLMS, empresa fornecedora de plataformas gamificadas para empresas, a prática faz até 89% dos trabalhadores se sentirem mais produtivos e 88%, mais felizes.

O estudo foi feito lá fora, mas aqui não estamos distante dessa cultura. Segundo a Pesquisa Game Brasil 2022, 56,9% dos brasileiros entendem como necessária a presença digital de marcas de sucesso nos games.

É mesmo um caminho sem volta. Se, como apontou projeção do Global Games Market Report, o setor de games tem hoje cerca de 3 bilhões de usuários e receita superior a US$ 200 bilhões ao ano, ele segue crescendo em tamanho e na capacidade de influenciar outros segmentos.

Raízen: gamificar para expandir

Criada pela união da produtora brasileira de etanol Cosan com a anglo-holandesa Shell, dona de uma das bandeiras mais conhecidas de postos de gasolina, a Raízen já nasceu gigante. Nem por isso, deixa de querer se expandir e reciclar – tanto as habilidades de seus times como o modo de treiná-las. Para desenvolver a liderança encarregada de levar sua expansão adiante, a Raízen adotou a metodologia Octalysis, proposta de gamificação com foco em pessoas, criada pelo guru de empreendedores Yu-kai Chou, consultor e palestrante taiwanês radicado nos Estados Unidos.

A metodologia passou por uma adaptação à cultura da empresa, para rodar redonda na Raízen. Ao levantar os recursos que seriam trabalhados junto aos mais de 3.000 gestores em exercício ou em potencial da companhia, o público-alvo do projeto Líder LAB (Liderança e Aprendizagem sem Barreiras), costurou-se um alinhamento entre eles e os oito drives ou motores de motivação da marca.

Entre os drives, estão o do “chamado” ou do “significado épico”, quando o jogador acredita que está fazendo algo maior que ele mesmo ou que foi “escolhido” para um determinado desafio, algo na linha do storytelling da jornada do herói, como tipificada pelo autor norte-americano Joseph Campbell.

Os resultados são impressionantes. Entre os potenciais futuros líderes convidados a participar do LAB, 86% foram promovidos à liderança até seis meses após a conclusão da trilha. E, numa escala de zero a dez, o índice de satisfação dos participantes alcançou 9,6.

“A gamificação é capaz de engajar a liderança na solução de problemas, motivar ações e promover o aprendizado em contextos não convencionais. Ao propiciar trocas entre pessoas, leva à inteligência coletiva e à construção colaborativa de soluções”, diz Gabriela Hazin Galvão, vice-presidente de Gente da Raízen.

Saint-Gobain: inovação aos 400 anos

No jogo entre tradição e modernidade, a quatrocentona Saint-Gobain – multinacional francesa do setor abrasivo que, fundada em 1665, produziu os famosos espelhos do Palácio de Versailles – decidiu mudar o ritmo da partida diante da dificuldade de treinar o time comercial. Assim surgiu a parceria vitoriosa com a Ludos Pro, startup que foi destaque no Innovations 2023 entre os fornecedores de RH, com o prêmio de Parceiro da Inovação.

“Quando íamos lançar um produto, muitos vendedores não recebiam as informações adequadas. Foi neste momento que firmamos a aliança com a Ludos Pro e criamos a plataforma de ensino Univen Tech, nossa Universidade de Vendas”, diz o gerente de treinamentos Técnicos, Marcelo Sasaki.

Certificada na categoria Desenvolvimento do Innovations, a Univen Tech é um espaço de aprendizagem gamificado, com vídeos curtos de três a cinco minutos. À medida que avança na plataforma, o jogador pode trocar as moedas e pontos obtidos por prêmios, como ingressos de cinema e cupons de delivery, um estímulo extra para o aprendizado. 

Na Saint-Gobain Brasil, o treinamento gamificado é ofertado aos profissionais de vendas, aos promotores técnicos e ao pessoal de engenharia de produto e de marketing. São cerca de 250 participantes. Mas, bem-sucedido, ele já foi “exportado” para as filiais da empresa no Chile, Peru, Colômbia, Equador e Argentina. Em breve, também as fábricas contarão com a plataforma, abraçando a inovação, a gamificação e o desenvolvimento.

Ao todo, na Univen Tech, 600 trabalhadores já consumiram mais de 7 mil horas de capacitação – um aumento de 72% na carga horária de treinamento da equipe –, fator relevante para a avaliação de desempenho.

“Ofertamos treinamentos curtos e, a depender da função do profissional, definimos os treinamentos que ele deve fazer. Nestes dois anos, pelo menos 70% da equipe já participou do treinamento”, explicou Marcelo.

“Com uma plataforma de ensino como essa, você tem mais chances de compartilhar as informações e estratégias. E, com um número maior de pessoas conectada com o que queremos que elas saibam, as chances para todos de crescer aumentam.”

Para Marcelo Sasaki, os primeiros passos da inovação envolvem conhecer os desafios das empresas e formar um grupo mais coeso em relação aos objetivos. Além disso, é essencial buscar outros meios. “Além da plataforma, é importante olhar para outras necessidades e resoluções”, finaliza.

Saiba mais sobre esses cases e outros projetos inovadores acessando nossa biblioteca de cases.

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