Para incentivar demissões, empresas praticam o “quiet cutting”

Segundo pesquisa, prática do quiet cutting mais do que triplicou em 2022, com empresas como Adidas, Adobe e IBM entre as praticantes

O mercado de trabalho ganhou um novo nome para chamar de seu: o “quiet cutting” (em português, “corte silencioso”). Na prática, ele acontece quando, em vez de demitir o funcionário, a empresa o informa que o seu cargo foi eliminado e o realoca para outra função.

Esse tipo de estratégia permite que a empresa demita sem ter que efetivamente demitir. O que acontece é que, embora as pessoas realocadas permaneçam empregadas, elas são transferidas para cargos de menos prestígio, com salários e benefícios mais baixos ou com funções que exigem mais delas. Com tudo isso, o caminho mais natural para o empregado acaba sendo pedir demissão. 

Segundo a AlphaSense, em 2022, a ocorrência do quiet cutting mais do que triplicou. De acordo com a CBS News, empresas como Adidas, Adobe, IBM e Salesforce estão entre os empregadores que fizeram esse tipo de movimento durante o ano passado. 

“Eles relataram ter recebido um telefonema ou um e-mail de um gerente basicamente dizendo que seu trabalho foi transferido e que você fará isso de agora em diante, e basicamente é pegar ou largar”, disse Ray Smith, repórter de carreiras do Wall Street Journal (que primeiro relatou a tendência), à CBS News.

Segundo ele, algumas pessoas inicialmente se sentiram aliviadas por não estarem sendo despedidas.

“Mas, por outro lado, elas estavam zangadas ou confusas e sentiam que o novo emprego que tinham era um estatuto inferior ou um salário mais baixo ou mais responsabilidades, ou algo em que nem sequer tinham experiência. E então eles ficaram realmente zangados com as empresas por causa disso”, contou à CBS News.

Esse tipo de atitude por parte das empresas têm despertado medo e irritação nos funcionários. Segundo Ray, muitos entrevistados revelaram que passar pelo “corte silencioso” prejudicou a sua saúde mental. Eles também contaram que temem que seus empregadores tivessem fazendo isso para forçá-los a se demitir futuramente. 

“É como empurrar você para este canto e dizer que se você não aceitar, terá que ir embora. Nenhuma empresa dirá ‘estamos cortando pessoas silenciosamente. É uma espécie de redução da força de trabalho, quase de forma passivo-agressiva. O resultado final é que, se alguém recusar uma transferência ou eventualmente sair depois de não gostar da transferência, a empresa não terá que pagar milhares de dólares em custos de indenização.”, disse à CBS News.

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