Em meio à tensão sobre abastecimento de chips fundamentais para sistemas de IA, colaboradores da área fazem paralisação em Seoul
Profissionais da Samsung entraram em greve pela primeira vez, e o momento não poderia ser mais delicado para a gigante sul-coreana: a companhia está lutando para manter a liderança no mercado de chips de memória, um componente importante para sistemas de Inteligência Artificial.
A greve, planejada para um dia, foi liderada justamente por funcionários da divisão de chips, após múltiplas rodadas de negociações sobre aumentos salariais e bônus terem fracassado.
Em resposta, um grupo de colaboradores se reuniu em frente ao escritório da Samsung em Seoul. Eles entoaram gritos de protestos e ergueram cartazes com queixas sobre a situação.
Lee Hyun Kuk, vice-presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Samsung, disse, em entrevista ao The New York Times, que a empresa não valoriza o sindicato como parceiro de negociação. Por isso, de acordo com ele, quase 75% dos profissionais votaram a favor de uma greve.
O vice-presidente afirma que os trabalhadores sindicalizados não receberam bônus no ano passado, embora anteriormente alguns tivessem recebido bonificações de até 30%.
A greve ocorreu entre um feriado nacional e o fim de semana, um momento em que muitos coreanos planejam tirar folga. Embora não tenha afetado a produção ou atividades comerciais da Samsung, a paralisação acontece em uma fase delicada para a empresa, que tenta tranquilizar clientes e investidores sobre sua capacidade de atender à crescente demanda por chips de memória.
Apesar de ainda ser a maior fabricante mundial deste componente e ter reportado que a área de chips gerou um lucro de US$ 1,4 bilhão no primeiro trimestre deste ano, a Samsung terminou 2023 com os lucros mais fracos em mais de uma década.
Outro agravante é a concorrência. Rivais locais parecem estar saindo na frente quando o assunto são os chips de alta largura de banda e atraído a atenção de empresas que trabalham com IA.
Apesar de garantir que vão retomar o trabalho normalmente após a greve, Lee não descarta a possibilidade de uma nova paralisação caso não haja acordos com a empregadora.
Um representante da Samsung Electronics afirmou que a empresa está tentando chegar a um acordo com o sindicato, mas não quis comentar os detalhes das negociações.