Silene Rodrigues, diretora de RH da Adidas, aponta a importância de ressaltar exemplos como os da Costco, Microsoft e Apple, que provam que o compromisso com DE&I pode ser mantido, apesar das adversidades
O cenário corporativo tem sido marcado por uma crescente preocupação com o retrocesso nas iniciativas de diversidade, equidade e inclusão (DE&I). Diversas empresas são alvo de críticas por revisarem ou eliminarem suas políticas voltadas para a diversidade.
No noticiário, essa tendência tem ganhado espaço. O The New York Times trouxe à tona em 12 de janeiro deste ano a manchete: Companies Retreat on Diversity and Inclusion Efforts Amid Economic Uncertainty [Empresas retrocedem em diversidade e inclusão alegando incertezas econômicas, em tradução livre], ressaltando a pressão econômica sobre a decisão. Logo em seguida, no dia 15 de janeiro, a CNN noticiou: Major Corporations Scale Back Diversity Initiatives in Wake of Discontent [Principais corporações reduzem iniciativas de diversidade em meio ao descontentamento, também em tradução livre].
Empresas como Twitter, Disney, Meta e até Goldman Sachs se destacam nesse contexto, frequentemente alegando necessidade de cortar custos e focar em resultados financeiros. As pressões políticas e as críticas de acionistas têm alterado suas abordagens, levando a decisões que comprometem o progresso conquistado ao longo dos anos.
No entanto, nem todas as notícias são desanimadoras e meu objetivo aqui é exatamente trazer as boas novas. Em meio a tanta pressão, há empresas que permanecem firmes em seus compromissos com a diversidade. A Costco, por exemplo, fez uma defesa vigorosa dessas políticas em sua reunião anual e reconheceu que as iniciativas beneficiam os acionistas e ajudam a atrair talentos. Costco Stands Strong on D.E.I. Initiatives Despite Challenges [Costco mantém firmes iniciativas de DE&I, apesar dos desafios], informou o Washington Post no dia 22 do mês passado.
Além disso, Microsoft, Apple, Pinterest e JPMorgan Chase continuam a priorizar a diversidade em suas operações, com líderes como Satya Nadella e Jamie Dimon enfatizando a importância da inclusão na força de trabalho. A Apple se mostrou contrária a propostas que poderiam comprometer suas iniciativas de DE&I. “Nós nos esforçamos para criar uma cultura de pertencimento onde todos possam fazer o seu melhor trabalho.”, afirmou.
Embora os desafios sejam reais e significativos, é essencial que não nos deixemos distrair pelas dificuldades enfrentadas. É fundamental continuar trabalhando pelo tema da diversidade e inclusão e perseverar na luta por um ambiente de trabalho mais equitativo. O que se observa é um momento de reflexão e uma oportunidade para fortalecer as iniciativas que realmente importam. Precisamos permanecer vigilantes e engajados, pois a luta por diversidade, equidade e inclusão é uma responsabilidade contínua de todos nós.
Devemos deixar as distrações de lado, sem cair na ingenuidade, e focar nas histórias de sucesso e resistência, reconhecendo que empresas como as mencionadas provam que um compromisso genuíno com a diversidade, a equidade e a inclusão pode ser mantido, mesmo nas mais adversas circunstâncias.
Vamos iluminar esses casos positivos. Assim, criaremos um diálogo construtivo e inspirador, ressaltando os exemplos que merecem ser seguidos, em vez de apenas nos fixarmos nos casos negativos.
É ao promover e celebrar essas iniciativas que, de fato, damos força às questões que tanto valorizamos. Juntos, podemos trabalhar para um futuro onde a diversidade não seja apenas um objetivo, mas sim uma realidade vivida em cada ambiente de trabalho.