Prioridades de ano novo: o que 2023 espera dos CHROs?

Para a Today, Silene Rodrigues faz uma reflexão sobre os desafios que o ano de 2023 reserva aos CHROs e aos CEOs, em meio a um contexto de constante mudança

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Liderar uma organização não é tarefa fácil, liderar uma área de Recursos Humanos, também não. Especialmente em momentos de incerteza e em um ambiente hostil, que agora chamamos de mundo BANI (em inglês: Brittle, Anxious, Nonlinear, Incomprehensible), cujo conceito foi criado pelo antropólogo Jamais Cascio. A definição é considerada a evolução natural do mundo VUCA (Volatility, Uncertainty, Complexity, Ambiguity), pois reflete a realidade das sociedades após o início da pandemia.

Segundo Jamais, o mundo agora é frágil (Brittle), podendo colapsar a qualquer momento, ansioso (Anxious) tentando adivinhar qual será o próximo desastre, não-linear (Nonlinear) onde nem sempre as ações óbvias trazem resultados óbvios e incompreensível (Incomprehensible) com um volume de informações absurdo, mas que nem sempre nos leva ao entendimento correto.

A princípio isso parece o caos total. E eu não digo que é fácil, mas precisamos aprender a olhar o copo meio cheio e encontrar oportunidades nos grandes desafios que enfrentamos nesse contexto. O mais importante é o que vamos fazer e o que vamos deixar de fazer com tudo isso. 

No estudo Leadership Vision for 2023: Top 3 strategic priorities for Chief HR Officers, a Gartner traz uma interessante compreensão dos principais desafios a serem vivenciados pelos CEOs em 2023 e, consequentemente, recomendações para uma abordagem dos líderes de RH que tragam soluções para esses dilemas.

De acordo com o estudo, os três fatores que estarão na pauta dos CEOs em 2023 são:

  1. Inflação crescente no mundo: 90% dos CEOs antecipam um aumento consistente e significativo ao longo do ano, enquanto 23% dos CFOs admitem planejar um aumento salarial diferenciado em 2023, numa tentativa de manter o poder de compra dos empregados;
  2. Escassez de talentos: 50% dos executivos de RH anteveem um aumento na procura por talentos nos primeiros 6 meses do ano e 46% deles acreditam em um incremento no turnover de funcionários;
  3. Restrições globais de suprimentos: 48% dos CFOs afirmam que as dificuldades enfrentadas em 2022 com relação à volatilidade e escassez de insumos permanecerão em 2023.

Enquanto isso, temos que lidar também com as expectativas dos funcionários, que estão divididas entre quatro pilares: flexibilidade, propósito, bem-estar e experiência. O que eles desejam é ter autonomia sobre a forma, horário e local de trabalho; estar em uma empresa que demonstra interesse e emprega ações relevantes para a construção de um mundo melhor, com responsabilidade socioambiental e respeito; consideração sobre o seu próprio bem-estar; ter uma experiência que vá além das cláusulas financeiras do contrato de trabalho.

Aos executivos de RH fica a missão de balancear três plataformas de maneira equilibrada: gestão das despesas, retenção de talentos e aceleração do digital. E isso, ainda conforme os achados da Gartner, se traduz em três prioridades para o ano de 2023:

  1. Efetividade da liderança
  2. Desenho da organização e gestão da mudança
  3. Experiência do funcionário

Esses temas demandam uma abordagem embasada em uma liderança que modele os comportamentos desejados e que ilustre os valores organizacionais, o apoio recorrente aos times e a entrega dos resultados através de objetivos predeterminados.

De fato, isso não soa nada como novo, não é mesmo? Em meu ponto de vista, a diferença é que, mais do que nunca, os executivos de RH, com o apoio total e irrestrito de seus CEOs, precisam dar ouvidos, e voz, aos seus trabalhadores. De outra forma eles vão embora, afinal a pandemia deixou bem claro que não temos controle efetivo sobre nada, que o bem-estar e a felicidade estão acima de tudo e que tudo pode mudar do dia para a noite.

<strong>Silene Rodrigues </strong>
Silene Rodrigues

Diretora de recursos humanos na Adidas.

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