Qual a diferença entre termos como minoria e grupos minorizados? Entender isso pode fazer a diferença nos programas da empresa, escreve Debora Gepp para a Today
A promoção da Diversidade e Inclusão nas organizações é para todas as pessoas? Mas afinal, quem são os grupos minorizados? Ou seriam as minorias? Ou grupos sub-representados? Entender essas nomenclaturas e responder a essas perguntas ajuda a fundamentar ações que, embora tenham impactos positivos para todas as pessoas, existem justamente porque alguns grupos têm mais privilégios e vantagens que outros.
Cada indivíduo nasce com o que chamamos de marcadores identitários, ou seja, uma composição de qualidades de ordem social, cultural, biológica, econômica, dentre outras. Por sua vez, essas qualidades determinam a raça, gênero, classe social, etnia e demais características que tornam cada ser humano um ser único e pertencente a grupos mais ou menos privilegiados.
Com a ciência dessa realidade, nasce o conceito de minorias, cujo significado é amplo e indica desde a quantidade reduzida de pessoas em um grupo e/ou a notável ausência de direitos e representação deste em espaços de poder. No dicionário Michaelis podemos encontrar a seguinte definição:
“1.Inferioridade em termos numéricos; 2. A parte constituída de menos representantes numa assembleia ou qualquer outro conselho, que discorda da parte mais numerosa; 3. Subgrupo de uma sociedade que se considera ou é considerado diferente do grupo dominante, em face das características religiosas, étnicas, políticas, de nacionalidade, língua etc. e, em decorrência dessas diferenças, não tem a mesma participação na sociedade como um todo, nem as mesmas oportunidades, sofrendo, muitas vezes, discriminação e preconceito”.¹
No que tange às organizações, os grupos menos privilegiados, foco das ações de Diversidade e Inclusão são as mulheres, pessoas com mais de 50 anos, pessoas com deficiência, pessoas indígenas, pessoas LGBTQIAP+, pessoas negras, pessoas refugiadas etc. A forma como chamamos esses grupos tem variado ao longo dos últimos anos. Sabemos que a Língua Portuguesa é viva e as transformações coloquiais que ela sofre nos ajudam a amadurecer algumas discussões. Hoje em dia, é comum ouvirmos alguns sinônimos para minorias como “grupos minorizados” e “grupos sub representados”, expressões que tentam tornar mais nítido o seu significado. Vamos agora ver as diferenças entre essas definições.
O uso de “grupos minorizados” surge como um termo guarda-chuva que inclui a quantidade de pessoas pertencentes ao grupo, representação em espaços de poder, a discriminação, a violência e a falta de direitos. O termo serve também para reforçar que há uma ação de minorização sobre o grupo, e que menos privilegiado não é apenas uma condição inerente à sua existência, mas uma condição que é provocada, intencionalmente ou não, por outros atores, sejam eles pessoas, grupos ou a própria sociedade. Já o termo “sub-representado” também pode ser interpretado como um sinônimo de minoria, mas se limita à presença destes grupos em espaços políticos, de poder, no mercado de trabalho etc.
A escolha das palavras e expressões são importantes pois elas colaboram com a educação e o melhor entendimento das pessoas sobre o tema – ainda tão desvalorizado e desconhecido. De todo, é importante reforçar, que independente da expressão ou termo que escolhemos para nos referirmos a estas populações, o desenvolvimento e realização de ações para mudarmos essa realidade são fundamentais para termos empresas mais diversas e inclusivas, maior representação dos grupos minorizados em espaços de política e poder para que finalmente tenhamos uma sociedade mais justa e igualitária para todas as pessoas.