Para a Today, Silene Rodrigues escreve sobre como escolher as habilidades profissionais para focar o desenvolvimento na carreira

Creio que o ano era 2010, eu estava nos EUA, participando de reuniões na matriz da empresa em que trabalhava. Claro que aproveitei a oportunidade para agendar uma reunião do tipo  “1:1” com meu chefe, que, à época, era um experiente diretor sênior de RH, americano e que já estava na empresa há muitos anos.

Iniciei a conversa dizendo que queria continuar crescendo e para isso seria importante discutir com ele as minhas áreas de oportunidades (não gosto de chamar de fraquezas) e potenciais ações para fortalecê-las.

Qual não foi a minha surpresa quando ele respondeu: Por que? Ora, porque é importante que eu desenvolva determinadas habilidades para atingir meus objetivos de carreira e essas áreas que não domino estão em meu caminho. 

E então veio o complemento de sua resposta: Não vamos investir tempo e energia para tentar melhorar as suas características que não são tão boas, afinal você nunca será boa nisso mesmo. Vamos sim trabalhar para que as suas habilidades mais desenvolvidas e que te fazem ser um profissional de sucesso agora e no futuro sejam cada vez mais marcantes a ponto de anularem as suas fragilidades.

Puxa, isso foi como se uma luz se acendesse em minha mente. Realmente, as habilidades que não tinha ou que eram frágeis consumiriam muito esforço e ainda assim eu provavelmente não conseguiria ir muito além do ponto em que estavam. Aliás, hoje eu posso afirmar com certeza, que trabalhar naquelas características não faria a menor diferença em minha trajetória profissional e tampouco me trariam realização pessoal.

Por outro lado, entender as áreas em que eu realmente era expert e que me ajudavam a entregar resultados com excelência, isso sim ajudou muito. E talvez a primeira coisa que eu tenha aprendido naquela ocasião foi que nem eu e nem ninguém precisa ser bom em tudo. Aliás isso nem é factível. 

O importante é o autoconhecimento, a humildade de aceitar as suas qualidades e fragilidades e se cercar de pessoas que te complementem. Foi essa a receita que eu segui desde então e que me trouxe até aqui.

É claro que não existe resposta definitiva porque tudo depende da situação e das metas individuais de cada pessoa. No entanto, muitos especialistas em desenvolvimento pessoal argumentam que é muito mais eficaz focar no desenvolvimento das fortalezas em vez de tentar fortalecê-las.

Desenvolver as fortalezas envolve identificar e aprimorar as suas habilidades e talentos naturais. Ao se concentrar em suas áreas de força, você pode se tornar excepcionalmente habilidosa em determinadas áreas, o que pode levar a um maior sucesso e satisfação pessoal.

Por outro lado, tentar fortalecer suas áreas de oportunidade pode ser um processo mais desafiador e demorado. Embora seja importante trabalhar em pontos em que se tem dificuldade, investir tempo e energia excessivos nessas áreas pode ser cansativo e frustrante.

Mas não se engane: como disse, autoconhecimento é a chave para tudo, portanto jamais ignore completamente as suas fragilidades. Em vez disso, recomendo buscar apoio, treinamento, leitura ou orientação em áreas em que se tem dificuldade, minimizando potenciais impactos negativos que estas possam trazer no seu dia-a-dia e evitando que se tornem obstáculos no atingimento de seus objetivos.

Para finalizar, tenha em mente que a neuroplasticidade do cérebro nos torna capazes de aprender, desenvolver e aprimorar nossas habilidades continuamente, desde que vejamos os desafios como oportunidades e abracemos o esforço e a persistência como fatores-chave para nosso crescimento. A questão é a escolha que cada um deve fazer sobre onde vai colocar seus esforços e como e quando redirecionar sua energia para atingir resultados de forma mais ágil e eficiente.