Para a Today, Silene Rodrigues traz um relato de uma oferta de trabalho que, de forma inesperada, se tornou uma grande oportunidade de mudança
Em um momento crucial da minha carreira, recebi uma oferta de trabalho diretamente do CEO de uma grande empresa brasileira. A oportunidade parecia promissora, mas antes de tomar uma decisão, decidi ter uma conversa franca com o executivo sobre minhas expectativas de desenvolvimento profissional.
Durante nossa reunião, expressei meu desejo de continuar crescendo e explorar novas oportunidades de carreira dentro da empresa. Fazia todo sentido para mim entender não somente o que estavam me oferecendo naquele momento, mas também o que eu poderia esperar no futuro.
Qual não foi a minha surpresa quando, inesperadamente, o tal CEO afirmou que eu não poderia ter grandes expectativas de carreira, pois não vinha de uma família abastada?
Essa resposta me deixou perplexa. Como alguém poderia julgar meu potencial com base em minha origem socioeconômica? Eu era uma profissional dedicada, com experiência e habilidades comprovadas na área de Recursos Humanos, muito qualificada para a posição e com muito potencial. Isso era claro para mim e era exatamente por isso que estavam me oferecendo aquela posição. Essa resposta desencorajadora e limitante não condizia com meus valores e crenças.
Decidi não aceitar a oferta de trabalho. Acreditei firmemente que meu futuro não deveria ser determinado por estereótipos ou preconceitos. Eu sabia que se aquilo havia sido dito para mim, candidata à head de RH, coisas piores poderiam vir, não somente para mim, mas também para os demais trabalhadores daquela empresa.
Eu não somente não iria me submeter a uma cultura baseada em julgamentos, como também não me deixaria abater por aquele comentário e muito menos acreditar que aquilo fosse uma verdade. Não, eu não era o tipo de pessoa que cultivava crenças limitantes.
Continuei minha jornada na empresa onde estava, me dedicando às minhas atribuições e investindo meu tempo e energia no aprendizado e desenvolvimento contínuo. Sempre gostei muito de estudar, ler, trocar experiências, experimentar coisas novas. Eu sabia que a oportunidade certa chegaria no momento oportuno. Aliás, lembram daquela frase: “quando o discípulo estiver pronto, o mestre aparecerá” ? Pois é, acredito nisso. Mas requer paciência e resiliência, certo?
Enfim, com o tempo conquistei posições de destaque em grandes multinacionais. Passei de Gerente Regional de RH para Diretora de RH e, finalmente, Vice-presidente Regional de RH.
Essa jornada me ensinou a importância de acreditar em mim mesma e não permitir que as limitações impostas por outros me impeçam de alcançar meus objetivos. Também me motivou a lutar por um ambiente de trabalho inclusivo, onde o talento e o mérito sejam reconhecidos acima de qualquer outra coisa.
Hoje, olhando para trás, sinto gratidão por ter tomado a decisão de não aceitar aquela oferta de trabalho. Isso me permitiu trilhar meu próprio caminho, superar obstáculos e alcançar o sucesso profissional que sempre almejei. Acredito firmemente que todos têm o direito de buscar seu potencial máximo, e foi isso que fiz.
Adorei o relato da querida Amiga Silene.
Coragem para dizer não se a proposta não está condizente com os nossos próprios valores.
Um desafio complementar é saber se não estamos diante de uma oportunidade de colocar nossas próprias crenças e competências para melhorar as organizações.