Descubra o papel da biografia organizacional na cultura corporativa para promover autenticidade e produtividade
Ao longo das gerações, moldamos as organizações e elas nos moldam. Parte de nós reflete a identidade e a cultura de onde trabalhamos. Outra parte quer ser um agente de mudanças, construindo o novo. Essa dança molda a história humana e a relação entre desenvolvimento individual e coletivo, visível em qualquer pessoa, família, grupo ou organização. Tudo se torna parte de uma biografia única.
Toda cultura humana começa com algo misterioso dentro de nós, em ciclos de sete anos, os Setênios da antroposofia. Um relógio biológico e psicológico, regido pelos ciclos da natureza. Passamos pelas mesmas crises, desafios e fases de amadurecimento, cada um de forma diferente.
A biografia organizacional é a história viva da companhia, desde a ideia fundadora, nutrida pelas pessoas que a realizam. Ao integrar a biografia nos projetos de liderança e cultura, ela pode transformar a dinâmica da empresa.
Com quase 30 anos de experiência em fenomenologia e antroposofia, presenciei organizações desenvolvendo lideranças mais verdadeiras e culturas organizacionais saudáveis.
A saúde da cultura organizacional reflete o nível de consciência sobre a biografia e o desenvolvimento da empresa. Vamos observar três casos:
1. Empresa de Tecnologia:
Ao mapear sua biografia organizacional, identificamos que, durante uma crise econômica, a empresa demitiu parte significativa da equipe. Esse evento deixou marcas profundas na cultura, gerando desconfiança e insegurança entre os colaboradores. Ao trazer essa história à tona em mentorias e workshops, os líderes puderam reconhecer o impacto desse evento e reconstruir a confiança da equipe, criando um ambiente mais transparente e colaborativo.
2. Empresa Familiar:
Com a entrada de novas gerações na liderança, houve um choque de culturas e visões. Utilizando a biografia organizacional, foi possível criar um espaço de diálogo entre as gerações para que pudessem compartilhar suas perspectivas e aprender umas com as outras, fortalecendo a identidade da empresa e promovendo inovação sem perder a essência.
3. Empresa de Manufatura:
A biografia revelou que os momentos de maior sucesso estavam ligados à colaboração entre departamentos. Com o crescimento da empresa, surgiram silos e a comunicação se fragmentou. Resgatando histórias de colaboração, foi possível inspirar os colaboradores a trabalhar juntos novamente, melhorando a eficiência e o engajamento.
O resgate biográfico é crucial para a perenidade da cultura a longo prazo, especialmente com o alto turnover atual. Biografias sempre estiveram entre os livros mais vendidos e filmes mais vistos, pois refletem o que somos e o que queremos ser como indivíduos e organizações.
A cada ação, estamos construindo e transformando a cultura do ambiente em que vivemos. A tarefa maior é lidar com o desconhecido: medo, incerteza, pressão e ansiedade. A consciência dessa tensão é necessária para superação, aprendizagem e evolução, pois só o que é vivo e imperfeito evolui.
Essa dinâmica acontece na humanidade desde a primeira memória. Oralmente, de pais para filhos, esse fio biográfico nunca foi rompido. Podemos dar um passo à frente porque alguém deu um passo antes. Toda nossa evolução vem desse movimento.
Chamo isso de respiração da cultura: um movimento de expansão e contração, ação e reflexão. Reconhecer e fluir com os ciclos naturais é o caminho para alta produtividade e longevidade. Pausas reflexivas são essenciais para que líderes e equipes recuperem o fôlego e reajustem suas empreitadas.
Mais do que compartilhar a visão do todo, é ser parte e ser todo ao mesmo tempo, expressando uma cultura autêntica que não se vê, mas se sente no ar.