Mulheres enfrentam impactos maiores ao tirar licença do trabalho

Estudo, realizado com trabalhadoras dos EUA, apontou que elas sentem mais prejuízos financeiros e emocionais. No Brasil, mulheres também notam que só a licença não é suficiente, principalmente após a maternidade

Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos pela Standard Insurance Company, empresa de seguros e soluções de aposentadoria, mostra que mulheres continuam enfrentando impactos mais intensos ao tirar licenças do trabalho.

De acordo com o levantamento, 53% das mulheres entrevistadas tiraram uma licença de pelo menos um mês, percentual superior ao dos homens, que foi de 47%. Ainda assim, apenas 44% dizem contar com apoio adequado de seus empregadores, principalmente para lidar com questões de saúde feminina.

Quando o tema é licença-maternidade, esse índice sobe para 61%, mas ainda deixa descobertas outras necessidades importantes.

Essa falta de suporte impacta diretamente o bem-estar e a estabilidade financeira. Entre aquelas que se ausentaram, 59% relataram perdas financeiras e 36% afirmaram ter sentido prejuízos emocionais. O afastamento por saúde mental aparece tanto como motivo recorrente de licença quanto como uma das razões para não retornar ao trabalho.

No Brasil, só a licença também não é suficiente

Os desafios também aparecem no Brasil. E quando se trata de mulheres, a conexão com a maternidade é praticamente instantânea.

Dados da Think Work e do iFood Benefícios mostram que cerca de 20% dos profissionais brasileiros afirmam não ter usufruído da licença garantida por lei no nascimento de seus filhos.

Entre quem conseguiu se afastar, o tempo médio de licença foi de 118 dias para mães, ligeiramente abaixo dos 120 dias previstos, e de 27 dias para pais, bem acima dos 5 dias estabelecidos pela legislação atual.

Mesmo assim, mais da metade dos trabalhadores considera que o período atual não é suficiente. Para mães, o tempo que seria considerado adequado é, em média, 168 dias. Para pais, 74 dias.

A pesquisa também revela diferenças entre benefícios mais utilizados e mais desejados pelas famílias. Entre os mais usados estão acompanhamento pré-natal, plano de saúde para dependentes e consultas relacionadas à parentalidade. Já os mais desejados — e ainda pouco ofertados — envolvem day off no aniversário dos filhos, poupança infantil, auxílio-enxoval, preparação para parentalidade e dias dedicados ao acompanhamento de dependentes.

Suporte estruturado faz diferença no retorno ao trabalho

Tanto o estudo realizado nos EUA quanto os dados brasileiros apontam para a mesma direção: empresas que desejam profissionais saudáveis, engajados e produtivos precisam oferecer não só licenças, mas também suporte antes, durante e no retorno.

No Brasil, algumas discussões já avançam, como a ampliação da licença-paternidade e a criação da licença-menstrual, ambas em análise no Senado. Ainda assim, os empregadores não precisam esperar que essas propostas se tornem lei para agir.

É possível começar agora, ouvindo as necessidades dos colaboradores e estruturando políticas, programas e benefícios que apoiem quem cuida, quem volta de uma licença e quem enfrenta desafios de saúde física ou mental. A experiência mostra que ambientes que dão esse suporte não apenas retêm seus talentos, mas também impulsionam toda a organização.

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