Conselho de Conwy, no País de Gales, repassa ao comércio da cidade dados de hábitos de compra e localização obtidos a partir de celulares
O município de Conwy County, no País de Gales, está rastreando – e repassando os dados para o comércio – os celulares de pedestres que passam pela principal rua da cidade, com o objetivo de obter informações sobre hábito de compras, localização, trajetos utilizados, entre outros.
O sistema utiliza o serviço gratuito de wi-fi para munir as lojas e restaurantes com as preferências e costumes dos consumidores. Segundo o Conselho de Conwy, os dados são utilizados para auxiliar o comércio a tomar decisões relativas ao horário de funcionamento e para identificar “oportunidades de investimento”.
Mas a questão levantou um debate ferrenho entre os cidadãos e até parte do próprio conselho, questionando como o sistema pode violar a privacidade das pessoas.
Inclusive, não se trata da primeira iniciativa do tipo a operar em Conwy. A cidade também coleta dados de escritórios, prédios, bibliotecas e centros de lazer para fins promocionais, entregando as informações para promotores de eventos e festas que mostram interesse em trazer negócios para o município.
Segundo o diretor de TI do projeto, Neil Payne, as críticas ao sistema são infundadas. “Não temos acesso a nenhuma informação pessoal dos usuários. Apenas coletamos a movimentação dos aparelhos e o endereço Mac de cada dispositivo, para poder diferenciá-los”, afirma.
Em uma reunião do comitê responsável pelas tecnologias, o conselheiro Harry Saville questionou o risco à privacidade dos cidadãos.. Ele também entrou com um pedido para que o monitoramento de hábitos de compra não fosse mais utilizado na cidade.
“Digamos que estou caminhando pela rua. Vocês não conseguem dizer quem eu sou, minha idade ou outros detalhes. Mas você sabe onde meu celular esteve, certo? Assim, alguém pode ser capaz de conectar isso a um indivíduo específico”, afirmou Saville.
Nigel Smith, outro conselheiro, rebateu o questionamento. “Você está sendo alarmista. Qualquer um pode facilmente descobrir a placa do carro de alguém e monitorar cada movimento da pessoa, e ninguém se preocupa com isso”, argumentou ele.
A proposta para que o sistema parasse de ser utilizado na cidade foi rejeitada pelo conselho.