Cerca de 3.043 cidades espanholas correm o risco de sumir do mapa por conta da falta de gente. Com visto especial e incentivos fiscais, o governo do país pretende mudar esse cenário
Em 1910, o município de Oliete, no leste montanhoso da Espanha, abrigava 2.533 pessoas, tinha dois cinemas e um salão de dança. Só que de lá para cá, as ruas vivas deram lugar ao silêncio e a cidade viu seu número de habitantes despencar para 353 pessoas. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, Oliete faz parte das 3.403 regiões espanholas que estão em vias de sumir do mapa. A saída do governo para repovoar essas cidades? Atrair nômades digitais.
Por meio de um programa batizado de Rede Nacional de Acolhimento para Trabalhadores Remotos, as autoridades espanholas vão conceder vistos de trabalho a estrangeiros por 12 meses. Os vistos poderão ser solicitados diretamente no consulado espanhol de cada país. Além disso, entre os incentivos para quem quiser se mudar, estão reduções fiscais e a possibilidade de estender sua jornada no país por até quatro anos.
Embora o projeto de lei ainda possa ser alterado, o programa é visto como uma das únicas saídas para o problema populacional do país, batizado por muitos de “Espanha Esvaziada”. De acordo com o Ministério da Política Territorial, 90% da população espanhola – cerca de 42 milhões de pessoas – está concentrada em 1.500 vilas e cidades que ocupam somente 30% das terras. Os outros 10% (4,6 milhões de pessoas) ocupam os 70% restantes, dando uma densidade populacional de apenas 14 habitantes por quilômetro quadrado.
Há alguns anos, Portugal também criou vistos especiais para nômades digitais ou mesmo para quem quisesse se mudar de vez para terras lusitanas. Desde então, as iniciativas geraram 5,3 bilhões de euros em investimentos para o país.