Infraestrutura mundial enfrenta colapso silencioso diante da crise climática

Ondas de calor e variações extremas de temperatura sobrecarregam construções e aumentam custos de manutenção

As mudanças climáticas estão impactando a infraestrutura global de maneira gradual e silenciosa, causando danos que vão muito além de tempestades e enchentes. 

Edifícios, estradas e sistemas urbanos estão enfrentando um desgaste acelerado devido a ondas de calor intensas, variações extremas de temperatura e longos períodos de seca. Esses efeitos, embora menos visíveis que desastres naturais imediatos, estão impondo custos crescentes a proprietários, governos, empresas e comunidades ao redor do mundo.

No Reino Unido, por exemplo, o Glasgow Science Centre, inaugurado em 2001, viu sua estrutura sofrer com temperaturas recordes em 2018: o calor de 32°C. 

Situações similares afetam prédios ao redor do mundo, com telhados superaquecidos, rachaduras em paredes e sistemas de ar condicionado sobrecarregados, reduzindo a vida útil das construções e aumentando os custos de manutenção.

Segundo o Atlas Real Estate, os custos médios de reparos em propriedades alugadas nos EUA subiram de 290 dólares por incidente em 2018 para 501 dólares em 2024. Além disso, o custo de manutenção de estacionamentos em áreas com condições climáticas severas quintuplicou, conforme dados da SITE Technologies. 

Já na Grécia, edifícios construídos antes dos anos 1980 estão enfrentando desgastes crescentes devido à radiação UV e variações de temperatura. Mais de 75% dessas estruturas são energeticamente ineficientes, e os esforços de modernização estão gerando novos desafios, como aumento no consumo de energia e danos estruturais.

Esforços globais para enfrentar os impactos climáticos

Para enfrentar essas questões, muitos países estão investindo em planos de contingência. Iniciativas como o European Green Deal e o Inflation Reduction Act dos EUA estão investindo em retrofit de edifícios e tecnologias de eficiência energética. 

No Brasil, o Ministério dos Transportes apresentou o estudo AdaptaVias em 2023, que analisa os impactos das mudanças climáticas sobre rodovias e ferrovias, propondo 58 ações para adaptação e mitigação. Foram criados cinco índices de risco climático (de “muito baixo” a “muito alto”). Na avaliação, 84,1% das rodovias permanecem em risco baixo no curto prazo.

No entanto, especialistas alertam que essas medidas são apenas parte da solução. Enquanto a adaptação ao clima impõe desafios financeiros e técnicos, ela também destaca a necessidade urgente de repensar como projetamos e mantemos nosso ambiente em um mundo em transformação.

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