Relatório indica maior intenção de migração entre profissionais de ciência e tecnologia e alerta para impactos sistêmicos na economia global
As restrições migratórias nos Estados Unidos começam a gerar efeitos que preocupam empresas e analistas de mercado.
Um relatório divulgado pela Specialist Staffing Group indica que políticas mais rígidas podem estar acelerando a saída de trabalhadores das áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Esses especialistas são decisivos para projetos de inovação e para a competitividade de setores estratégicos em qualquer economia.
O estudo ouviu cinco mil profissionais e revelou maior abertura para oportunidades fora do país. Quase metade dos entrevistados disse estar considerando uma mudança internacional e, entre os que já vivem no mercado estadunidense, um terço se mostra disposto a migrar.
As consequências aparecem rapidamente. Oito em cada dez participantes afirmam que a saída de integrantes afetaria o andamento de projetos, geraria atrasos e dificultaria a continuidade de iniciativas técnicas. A dificuldade das organizações em preencher vagas que exigem alta especialização também aumentaria.
Esse movimento ocorre em um momento de maior rigor na política migratória, com novas taxas, processos mais longos e exigências adicionais para vistos e autorizações de trabalho.
A combinação desses fatores já pode estar criando obstáculos tanto para quem deseja permanecer no país quanto para companhias que dependem de talentos internacionais para sustentar suas operações e desenvolver novas tecnologias.
Efeito cascata no cenário global
Embora os impactos imediatos se concentrem nas empresas norte-americanas, o relatório aponta que a questão é global, já que a migração de trabalhadores altamente qualificados tende a fortalecer ecossistemas de inovação em outros países.
Nesse sentido, mercados como Canadá, Reino Unido, Alemanha e Singapura têm se posicionado como destinos atraentes, o que acirra a competição por mão de obra qualificada e redistribui a capacidade de inovação no cenário internacional.
O estudo reforça a percepção de que a liderança tecnológica e o futuro do trabalho dependem também de movimentos socioeconômicos mais amplos. Ou seja, não é possível separar o mercado de trabalho do contexto em que ele existe: mudanças políticas, tensões geopolíticas e desigualdades alteram a forma como países atraem, retêm e desenvolvem pessoas.

