Voltar ao escritório pode não ser uma boa escolha

Segundo especialistas, as medidas tomadas pelas empresas têm um efeito mais psicológico do que prático contra o coronavírus

As companhias reformam os escritórios e adotam medidas para trazer os funcionários de volta pelo menos por alguns dias da semana. Mas – especialmente no Brasil, onde os números da pandemia seguem trajetória ascendente – as precauções têm um efeito mais psicológico do que prático contra o novo coronavírus.

Medidores de temperatura, luzes UV, portas automáticas, purificadores de ar, novos layouts privilegiando o espaço entre as pessoas, e mesas desinfetadas podem gerar uma sensação de segurança no escritório, mas não evitam a contaminação pelo vírus, segundo especialistas em saúde ocupacional.

Em outras palavras, é compreensível que as empresas invistam em medidas visíveis aos olhos, capazes de despertar o sentimento de proteção nos funcionários. Mas elas podem estar gastando dinheiro à toa – e correndo o risco de virar um foco de covid-19.

A recomendação das agências internacionais de saúde é seguir a chamada hierarquia de controle, uma pirâmide invertida com cinco princípios para proteger os trabalhadores. O principal deles: eliminar o risco físico, ou seja, quem pode atuar de casa, deve continuar assim.

De acordo com uma pesquisa da Talenses em parceria com a Fundação Dom Cabral, de 2020, 91% dos trabalhadores gostariam de ter a oportunidade de escolher continuar trabalhando remotamente ou não.

Um defensor do home office, o professor de Economia da Universidade de Stanford, Nicholas Bloom acredita que o home office deveria ser o modelo de trabalho padrão – com ou sem pandemia. Antes ainda de a covid-19 assolar o mundo, ele conduziu um teste controlado com funcionários da agência de viagens chinesa Ctrip para analisar os efeitos do trabalho remoto. Aqueles que ficaram em casa aumentaram a produtividade em 13%, se mostraram mais satisfeitos, faziam menos pausas e ficaram menos doentes, além de custarem para a empresa a metade do preço dos funcionários que iam ao escritório todos os dias.

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