Dormir pouco pode afetar diretamente sua produtividade, mas dormir mais do que o necessário também pode não ser a solução
De acordo com um relatório publicado na Sleep, um diretório de pesquisa acadêmica que pertence à Universidade de Oxford, pessoas que dormem entre cinco e seis horas por noite são 19% menos produtivas do que aquelas que têm entre sete e oito horas de sono. A queda na produtividade chega a 30% entre quem repousam apenas cinco horas.
O impacto é ainda mais visível entre aspirantes a empreendedores: a falta de sono pode levar a decisões impulsivas e ideias ruins, segundo estudos publicados nas revistas Entrepreneurship Theory and Practice e Journal of Business Venturing.
Um ponto importante é que a falta de sono tem impacto direto na saúde mental e aparece como um dos principais fatores de risco tanto na vida pessoal quanto profissional. É o que mostra uma pesquisa da Think Work em parceria com o iFood Benefícios, que mapeou 17 elementos associados ao bem-estar físico e psicológico, como níveis de estresse, ansiedade, cansaço e qualidade do sono.
O levantamento indica que noites mal dormidas não apenas comprometem o desempenho no trabalho, mas também agravam sintomas de exaustão emocional e dificultam a recuperação mental ao longo do tempo.
Então, é mesmo preciso dormir oito horas por noite, certo? Outras evidências científicas indicam que não.
Um estudo com comunidades pré-industriais de países como Bolívia, Namíbia e Tanzânia — sem acesso à luz artificial, celulares ou televisão — mostrou que a média de sono dessas populações varia entre 5,7 e 7,1 horas por noite. Ainda assim, apresentam baixos índices de doenças cardiovasculares, obesidade e distúrbios de humor.
Outro levantamento, com mais de um milhão de pessoas e publicado no British Medical Journal, revelou que quem passa cerca de sete horas na cama apresenta menores taxas de mortalidade do que quem dorme mais.
Ou seja, mais tempo de sono não necessariamente se traduz em mais saúde.
Afinal, como encontrar o equilíbrio entre o sono e a produtividade?
Entre dormir “pouco” ou “muito”, a recomendação é abandonar o perfeccionismo e prestar atenção aos sinais do próprio corpo.
Se você dorme entre seis e oito horas, acorda bem, mantém o humor estável e não precisa de café para passar o dia, é sinal de que o seu corpo está sendo bem recarregado. O contrário — ter dificuldades para adormecer, sentir sono durante tarefas entediantes ou depender de cochilos — pode indicar um problema.
Especialistas recomendam também encarar a hora de deitar como um momento de relaxamento, e não de obrigação. Criar uma rotina leve antes de dormir e não se forçar a adormecer pode, com o tempo, melhorar a qualidade do descanso.
No mundo do trabalho, entender como o sono afeta sua performance pode ser um passo para melhorar não só sua produtividade, mas também sua saúde mental. E a resposta, ao que tudo indica, não está em seguir um número mágico de horas, mas em ouvir seu corpo.