Estudo mostra que 6% dos profissionais já admitiram se passar por outra pessoa em entrevistas e 40% usam IA para escrever currículos e testes
Um estudo do Gartner alerta que, até 2028, um em cada quatro perfis de candidatos poderá ser falso. A projeção é um alerta para as empresas: o risco de contratar alguém que não é quem diz ser está crescendo.
A pesquisa, que ouviu 3 mil candidatos em todo o mundo, mostra que 6% já admitiram ter cometido fraude em entrevistas — seja ao se passar por outra pessoa, seja ao deixar que alguém se passasse por eles.
O fenômeno é impulsionado pela popularização de ferramentas de IA, que tornam mais fácil manipular informações e até gerar deepfakes de áudio e vídeo.
O efeito colateral da IA no recrutamento
Embora a IA esteja sendo incorporada para tornar o processo de recrutamento mais rápido e preciso, ela também abriu brechas para distorções.
Pesquisas citadas pelo Gartner mostram que, quando os candidatos acreditam estar sendo avaliados por algoritmos, tendem a ajustar suas respostas e até inventar competências com base no que imaginam que o sistema valoriza.
O paradoxo é que a confiança está em queda dos dois lados. Apenas 25% dos profissionais dizem confiar que a IA os avalia de forma justa, metade acredita que seus currículos são selecionados automaticamente e um terço teme ser reprovado injustamente por falhas de algoritmo.
A desconfiança é tamanha que metade dos entrevistados também afirmou duvidar da legitimidade das vagas para as quais se inscrevem.
Ao mesmo tempo, quatro em cada dez candidatos já usam os robôs ao seu favor, especialmente para escrever currículos, cartas de apresentação e respostas para testes.
Como o RH pode reagir à era dos “falsos candidatos”
Para enfrentar o avanço das fraudes, o Gartner recomenda que os empregadores adotem estratégias de mitigação em múltiplas camadas.
Isso inclui deixar claras as regras sobre o uso aceitável de IA e comunicar de forma transparente as políticas de verificação e as consequências legais em casos de fraude.
As empresas também podem recorrer a entrevistas presenciais e testes práticos, que continuam sendo ferramentas eficazes de validação.
O cenário reforça a necessidade de equilíbrio entre tecnologia e contato humano. A automação trouxe ganhos inegáveis em escala e agilidade, mas, como mostra o estudo, também está testando os limites da confiança entre pessoas e máquinas. Na corrida por talentos, a credibilidade do processo seletivo pode se tornar um dos ativos mais valiosos — ou mais frágeis — da gestão de pessoas.