Maternidade e trabalho: Think Work mapeia desafios e desejos das profissionais com filhos

Entre vários obstáculos, mães enfrentam mais cobranças: 42% já foram questionadas por atender demandas familiares no trabalho, contra 26% dos homens

Ser mulher e ter filhos segue impactando contratações, promoções e até demissões, como mostra a nova pesquisa da Think Work Parentalidade no mercado de trabalho.

Os dados indicam uma desigualdade de gênero que ainda marca o mundo corporativo e evidenciam o quanto apoiar essas profissionais é uma agenda urgente para RHs e lideranças.

Parar de trabalhar para cuidar: realidade mais comum para mulheres

Quase metade dos respondentes que estão fora do mercado (47%) afirmaram que o fato de não estarem trabalhando está relacionado ao cuidado com os filhos. 

Mas é na análise por gênero que o abismo aparece: entre as mulheres, 57% deixaram de trabalhar para ter mais tempo com as crianças. Entre os homens, 27% disseram o mesmo.

Essa diferença também se reflete na desistência de oportunidades: 55% das mulheres já recusaram uma vaga por que a oportunidade de alguma forma conflitava com seu papel como mães. Cerca de um quarto dos pais passou por isso. 

E quando estão empregadas, elas também são mais questionadas no trabalho por atenderem a demandas familiares. A pesquisa apurou que 42% já viveram essa situação, contra 26% dos homens.

Ter filhos ainda impacta contratações, promoções e demissões

Quando perguntados se o fato de terem filhos já foi motivo para sofrer algum tipo de impacto negativo na carreira, 13% das mulheres disseram que já deixaram de ser contratadas e 7% que não foram promovidas por esse motivo — e que isso foi confirmado pelo empregador. Esses percentuais são mais que o dobro dos verificados entre os homens.

Além disso, 35% delas acreditam que já deixaram de ser contratadas por terem filhos, mesmo que isso não tenha sido explicitamente declarado. Quando se trata de promoções, 28% dizem suspeitar que ser mãe tenha sido um fator que pesou contra.

Parentalidade desenvolve habilidades comportamentais

Apesar dos desafios, a vivência da parentalidade pode contribuir para o desenvolvimento de uma série de soft skills

A maioria das mães entrevistadas relatou ganhos em empatia (89%), criatividade (83%), resiliência (80%), liderança (78%) e trabalho em equipe (79%). 

Isso aponta que ter filhos não limita o desenvolvimento profissional, e pode até ampliá-lo. O que falta, muitas vezes, é o reconhecimento dessa potência pelas lideranças e organizações, que, muitas vezes, ainda enxergam a maternidade como obstáculo.

Benefícios mais usados e desejados por mulheres

A pesquisa também investigou quais benefícios os profissionais utilizam e o que gostariam de ter. Entre as mulheres, os mais usados são:

  • Acompanhamento pré-natal (77%).
  • Plano de saúde para dependentes (60%).
  • Consultas médicas associadas à parentalidade com médicos da empresa (52%).
  • Atividades no Dia das Crianças (48%).
  • Custeio de consultas médicas (44%).

Por outro lado, os que mais despertam interesse, mas ainda não estão disponíveis para muitas delas, são:

  • Day off no aniversário dos filhos (57%).
  • Poupança para os filhos (54%).
  • Enxoval para o bebê (51%).
  • Preparação para parentalidade (47%).
  • Dias de folga para acompanhamento de dependentes (47%).

O que RHs e lideranças podem fazer para apoiar profissionais com filhos?

Os dados do levantamento da Think Work mostram que apoiar mulheres com filhos vai muito além de dar flores no Dia das Mães. 

É preciso revisar políticas, escutar as reais necessidades dessas trabalhadoras e criar condições para que elas possam crescer. Algumas ações são:

  • Criar políticas de flexibilidade real de jornada e trabalho remoto.
  • Garantir benefícios direcionados, como apoio psicológico, auxílio-creche e consultas específicas.
  • Implementar grupos de afinidade e rodas de conversa para mães.
  • Incluir critérios de equidade de gênero e parentalidade nas decisões de promoção e desenvolvimento.
  • Incentivar uma cultura que normalize a parentalidade como parte da vida e não como um “desvio” profissional.

A pesquisa reforça o que muitas mulheres já sabem na prática: ser mãe no mercado de trabalho ainda é enfrentar desigualdades na contratação, na promoção e no julgamento. Mas também é desenvolver, na vivência do cuidado, habilidades valiosas para qualquer organização.

A responsabilidade de transformar essa realidade não é individual. Cabe às companhias e lideranças reconhecer o potencial das mães, criar políticas que acolham suas necessidades reais e construir ambientes onde a parentalidade não seja vista como um obstáculo.

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