Mulheres são as mais afetadas por precarização do trabalho nos Estados Unidos

Estudo feito com dados de 2019 até 2022 mostra que número de mulheres afetadas por precarização é o dobro que o de homens

Segundo uma pesquisa realizada pelo Centro de Pesquisa Econômica e Política dos EUA (CEPR), desde a pandemia, o número de norte-americanos trabalhando por conta própria cresceu cerca de 4%. Isso significa que mais de 600 mil pessoas se tornaram autônomas entre 2019 e o primeiro semestre de 2022.

O que mais impressiona é a diferença desse recorte ao compararmos o gênero dos profissionais envolvidos: a quantidade de mulheres é cerca de duas vezes maior que a de homens.

É claro que o empreendedorismo cria várias oportunidades e pode trazer diversos benefícios, mas não é esse o caso. Os números da pesquisa mostram, em grande parte, trabalhadores que tiveram seus trabalhos precarizados, sem possibilidades no mercado tradicional.

Uma prova disso é que a maior parte das trabalhadoras que fazem parte desta estatística são negras ou latinas e têm filhos de até 6 anos. “Elas estão fazendo escolhas para suas carreiras que não fariam por desejo próprio. As decisões estão sendo tomadas apenas para lidar com a crise que suas famílias estão passando”, disse Misty Heggeness, professora da Escola de Gestão Pública e Administração da Universidade do Kansas, à BBC.

Isso porque, além das dificuldades impostas pela pandemia, os Estados Unidos passam ainda por uma “crise de cuidados infantis”.

Para se ter uma ideia, já em 2018, 51% dos americanos viviam em “desertos de creches”, ou seja, locais em que instituições do tipo simplesmente não existiam.

Segundo Misty, com a falta de opções para deixar os filhos enquanto trabalham, as mulheres passaram a buscar ocupações em que pudessem atuar a partir de casa, o que caracteriza a precarização. “A verdade é que estamos impossibilitando que elas tenham uma atuação profissional em sua plenitude”.

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