Estudos mostram que transparência salarial pode reduzir desigualdade de gênero, mas quando mal aplicada, também prejudica o turnover
Seja para quem está procurando um emprego ou quem já é funcionário de uma empresa, a transparência salarial é um aspecto importante. No caso dos candidatos, ela indica se vale ou não a pena seguir no processo seletivo — que, muitas vezes, é bastante exaustivo. Já para os contratados, ela ajuda no plano de carreira e mostra se está na hora de mudar de trabalho.
O tema pode ser um tabu para as organizações, mas ele é importante para os funcionários. Segundo um levantamento realizado pelo Instituto Ipsos, em parceria com a The Global Institute for Women’s Leadership, 55% dos profissionais gostariam de saber o salário de colegas que realizam funções semelhantes. Entre os gêneros, 60% das mulheres gostariam de ter a informação, contra 49% dos homens.
Sites como Glassdoor ficaram famosos por fornecerem esse tipo de informação — alimentada pelos próprios funcionários das organizações, de forma anônima. Mas também há outras iniciativas, privadas e governamentais, para incentivar a prática.
Em novembro, por exemplo, a cidade de Nova York criou uma nova lei que obriga as empresas a postarem uma média salarial nos seus anúncios de vagas de emprego. O site do projeto explica que “empregadores devem anunciar o mínimo e o máximo de salário que eles, de boa fé, estão dispostos a pagar, no momento em que divulgarem o anúncio”.
No âmbito privado, a Buffer virou um case no assunto. Há quase dez anos, a organização decidiu tornar público os salários recebidos por todos os funcionários, até mesmo pelo CEO. Qualquer pessoa pode acessar o site da empresa e buscar pela informação.
Entre benefícios e riscos, há uma lista de possíveis consequências da transparência salarial:
Equidade salarial
Não é uma surpresa que as mulheres tenham mais interesse na transparência de salários do que homens, afinal elas são as principais afetadas pela desigualdade salarial entre os gêneros.
Uma pesquisa da Glassdoor mostrou que 70% das pessoas acreditam que a transparência pode ajudar a reduzir as desigualdades salariais entre os gêneros. Entre os entrevistados, 73% das mulheres acreditam nisso, contra 66% dos homens.
Um outro estudo, publicado pela Harvard Business Review, descobriu que a transparência de salários reduziu drasticamente as desigualdades de gênero em instituições acadêmicas dos Estados Unidos.
Redução na negociação salarial
Embora ajude a elevar os salários de pessoas prejudicadas pelas desigualdades, um outro estudo sugere que a transparência pode abaixar a média salarial dos empregados. Isso porque, ao publicar essas informações, os empregadores se sentem mais à vontade para alegar aos funcionários que não podem negociar salários melhores, já que teriam que negociar com todos.
Produtividade
Ao revelar os salários da empresa para os funcionários, a organização pode gerar também impactos na produtividade, sejam eles positivos ou negativos.
Um estudo mostrou que, nos casos em que a transparência revelou aos empregados que a empresa tinha sido consistente na remuneração em relação à performance, a produtividade deles aumentou. No entanto, quando o trabalhador percebeu que os salários foram decididos de forma injusta, a produtividade caiu.
Turnover
De acordo com a Harvard Business Review, a transparência salarial também pode levar ao aumento do turnover. O que acontece é que, quando a empresa passa a achatar os salários por causa da transparência, há maior possibilidade de que os melhores funcionários peçam demissão e procurem por outras empresas com salários melhores.
No entanto, é importante ressaltar que isso pode ser controlado, desde que a instituição tenha práticas justas e adequadas de remuneração.
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