Apenas três em sete CHROs estão no grupo que lidera o projeto de transformação digital na empresa. Isso quer dizer que 70% estão em um avião sem piloto e rumo ao chão
Quando uma aeronave da Esquadrilha da Fumaça (grupo de pilotos da Força Aérea Brasileira que se apresenta fazendo acrobacias) entra em pane, o piloto dá três avisos usando uma única palavra: “Ejetar!”.
O primeiro serve para que todos saibam que algo deu errado no avião. No segundo, o passageiro deve retirar o pino e acionar as sete bananas de dinamite que estão sob seu assento. No terceiro aviso, mais rápido, o piloto puxa o pino do próprio banco. Ou seja, se o passageiro perde o momento do segundo “ejetar!”, ele se vê dentro de um avião sem piloto e rumo ao solo.
Eu e Daniel Castello começamos nosso livro Transformação Digital, uma jornada muito além da tecnologia (Atelier de conteúdo, 181 págs.) usando essa situação para exemplificar o momento em que vivem boa parte dos empresários, executivos e profissionais de maneira geral quando o assunto é começar as mudanças que a transformação digital requer.
Os avisos têm vindo de todos os lados. Muitos entraram cedo na jornada, adaptando o negócio, a forma de trabalhar e de interagir com clientes e fornecedores, e, não por acaso, cresceram durante a pandemia ou viram seus empreendimentos resistirem às diversas restrições impostas pela crise sanitária. Outros reagiram no segundo aviso de “ejetar” e embarcaram à força na transformação. Mas não é pequena a quantidade de pessoas que ainda não se convenceu a pular do avião e que corre o risco de ser o passageiro sem o piloto, do exemplo acima.
Tomemos o exemplo do RH, uma área que passei boa parte da minha carreira como executivo e consultor. Em uma recente pesquisa da Mercer, com o jornal Valor Econômico, quando perguntados qual o nível de envolvimento com o processo de transformação digital de suas empresas, apenas três em sete CHROs disseram estar no grupo que lidera o projeto. Isso quer dizer que 70% estão aguardando os sinais para entrar no jogo.
“Entrar no jogo” – ainda usando metáforas aeronáuticas em homenagem ao meu finado avô Brigadeiro do Ar – significa, quando em turbulência, colocar a máscara primeiro em você, antes de ajudar a pessoa ao lado.
Precisamos primeiro transformar digitalmente o próprio RH, para que a área se prepare e tenha credibilidade para influenciar o modo de trabalhar de toda organização.
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Digitalizar ou automatizar processos, aplicar métodos ágeis para gerenciar os programas de gestão de pessoas, garantir que o departamento seja um time diverso (principalmente na forma de pensar) e se aproximar dos centros de inovação e das empresas iniciantes que estão revolucionando a gestão de pessoas, são algumas das ações concretas tomadas pelos CHROs que estão no grupo que protagoniza a transformação digital das empresas.
E você, já se “ejetou” do mundo antigo e está construindo o seu futuro e o da sua organização? Ou perdeu os três avisos de “ejetar” e continua no avião sem piloto?