O engajamento da liderança despencou de 72% para 65% em um ano, ampliando o custo da desconexão, alerta Danilca Galdini

O engajamento de pessoas no ambiente de trabalho se tornou um dos temas mais críticos da gestão moderna. No calor da discussão, muitas vezes o foco se volta para as gerações mais jovens, com um certo senso comum de que a dificuldade em manter o time motivado reside na mudança de valores trazida por elas.
No entanto, a nova edição da pesquisa Engaja S/A, mostra que a maior queda de engajamento de 2024 para 2025 não veio da base, mas da liderança. Os líderes passaram de 72% para 65% de engajamento, uma queda de sete pontos em um ano. E isso não acontece no vácuo, entre as pessoas que ocupam cargos executivos, 78% relatam ansiedade frequente e 74% convivem com fadiga. Ou seja, quem deveria sustentar a motivação do time está tendo dificuldade em sustentar a própria.
Esse movimento acontece num cenário em que o Brasil já vive o menor nível de engajamento em três anos. Apenas 39% das pessoas que estão atuantes no mercado de trabalho estão de fato engajadas. Seis em cada dez estão desconectadas ou apenas cumprindo tarefas. E quando a liderança desengaja, o efeito é imediato: o clima oscila, a confiança diminui, a coerência da cultura se perde, e o senso de significado do trabalho.
Também preocupa o peso econômico dessa desconexão. A falta de engajamento já custa às empresas brasileiras cerca de 77 bilhões de reais por ano, somando presenteísmo (trabalhar sem produzir) e turnover (que é ainda mais caro nas posições de gestão). Quando uma liderança perde energia, confiança e clareza, a organização inteira perde com ela.
O mercado está passando por uma mudança profunda. As pessoas querem trabalhar com sentido, querem reconhecimento real, querem clareza, querem bem-estar, querem coerência. A liderança quer isso também, mas está esgotada demais para colocar isso na pauta, então estão apenas fazendo o que é preciso (o que é bastante!) ou abandonando o mundo corporativo (o que é uma perda significativa).
Estes dados nos deixam um recado claro: não há futuro de engajamento possível sem cuidar primeiro de quem lidera. Não é benefício, não é gesto simbólico, não é “mimo corporativo”, é preciso repensar a maneira como o trabalho acontece. Sem líderes minimamente inteiros, não há cultura que se sustente, time que performe ou estratégia que avance.

Head de Pesquisa na Cia de Talentos e jurada no prêmio Think Work Innovations.


