ONG GiveDirectly utilizou algoritmo do Google para direcionar doações a sobreviventes do furacão Ian, nos Estados Unidos
Imagine receber uma notificação no celular, na hora que você mais precisa, te oferecendo 700 dólares, sem fazer perguntas ou exigências? É isso que aconteceu com quase 3.500 moradores dos condados de Collier, Charlotte e Lee, na Flórida, nos Estados Unidos, em outubro.
Uma semana depois que o furacão Ian deixou um rastro de destruição na região, a ONG GiveDirectly utilizou um algoritmo, desenvolvido pelo Google, que usou imagens de satélite para determinar os bairros que mais sofreram com a tragédia e assim direcionar as doações.
Essa é a primeira vez que a tecnologia é utilizada nos Estados Unidos, mas uma ideia semelhante foi testada no Togo alguns meses após a pandemia ter paralisado a economia mundial.
No país africano, a ONG teve ajuda de pesquisadores da Universidade de Berkeley para determinar os beneficiários por meio de sinais de pobreza em imagens e de informações colhidas a partir de contas telefônicas.
Existe muita preocupação com a automatização de partes da resposta humanitária à tragédias, mas para Alex Diaz, que lidera o time que desenvolveu o algoritmo do Google, as vantagens são muito claras.
Segundo ele, foi feita uma análise sobre um mapeamento da ONG depois do furacão Harvey, que atingiu os estados de Louisiana e Texas em 2017, antes da implementação da tecnologia. O estudo mostrou que duas das três áreas mais afetadas pela tragédia foram inicialmente ignoradas pelo método previamente usado pela instituição. “Uma metodologia guiada pelos dados é muito mais eficiente que o trabalho feito em campo”, diz Diaz.
Reem Talhouk, um pesquisador da Universidade de Northumbria, no Reino Unido, destaca que o sistema também protege a “dignidade dos atingidos pelas tragédias, já que eles não têm que enfrentar filas, que muitas vezes se estendem por horas”.
“Ainda assim, é importante salientar que existe a perda da conexão humana, criada entre os voluntários e as comunidades impactadas em que trabalham”, conclui Talhouk.