Após anos de queda na procura e alta evasão, jovens norte-americanos estão redescobrindo contabilidade como campo estratégico e bem remunerado
Um dos setores mais afetados pela escassez de talentos nos Estados Unidos, a contabilidade vive uma reviravolta impulsionada pela Geração Z. Segundo dados citados pela revista Fortune, cerca de 340 mil profissionais deixaram a área nos últimos cinco anos, e três em cada quatro devem se aposentar na próxima década — um cenário que colocou em alerta empresas e instituições de ensino.
Mas o movimento agora parece estar mudando. Jovens recém-formados vêm enxergando na contabilidade uma oportunidade de unir estabilidade e propósito.
Programas como o Volunteer Income Tax Assistance (VITA), criado em parceria com o IRS (serviço de receita do governo federal dos Estados Unidos) e universidades americanas, estão aproximando estudantes do impacto social da profissão.
Por meio do VITA, pessoas de baixa renda, com proficiência limitada no inglês, idosos e pessoas com deficiência podem ser auxiliados pelos voluntários na hora de declarar o imposto de renda.
Em 2024, mais de 280 universitários ajudaram 9 mil contribuintes a recuperar quase 11 milhões de dólares em reembolsos e 3,6 milhões de dólares em créditos fiscais, além de economizar cerca de 2 milhões de dólares em taxas de preparação de impostos.
Valorização e novas perspectivas
O renascimento da contabilidade entre jovens profissionais se explica também por fatores econômicos e tecnológicos. A profissão, historicamente associada à burocracia, passou a incorporar ferramentas de automação e inteligência artificial, que reduziram tarefas repetitivas e abriram espaço para um papel mais analítico e estratégico.
Hoje, o salário médio dos contadores é de 93 mil dólares por ano por ano, podendo chegar a 200 mil dólares entre os certificados. Além disso, segundo a Universidade do Estado do Oregon, 98% dos formandos em contabilidade conseguem colocação imediata no mercado.
O interesse da Geração Z por carreiras como a contabilidade podem refletir um novo olhar sobre o trabalho: menos pautado por status e mais por segurança, propósito e impacto na vida das pessoas. Em um mercado cada vez mais competitivo, entender o que motiva esses trabalhadores pode ser decisivo para o RH ter êxito nos processos de recrutamento.

