Brasil é um dos países campeões em preconceito etário

Relatório da OMS apontou que os estereótipos ligados à idade superam até mesmo o racismo e o machismo. Veja o que fazer para lidar com a questão no ambiente de trabalho

Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que o preconceito contra a idade supera o racismo e o machismo, sendo muito mais grave contra os jovens de 15 a 24 anos e as pessoas com 65 anos ou mais. O “ageismo” (palavra adaptada para o português, mas que não existe no dicionário) se manifesta em toda a sociedade, notadamente no mercado de trabalho. O Brasil está entre os países com alto grau de atitudes “ageistas”.

No mundo corporativo, o preconceito contra a idade é detectado em todo o ciclo do trabalho – durante o recrutamento, uma vez que a pessoa está empregada e na demissão ou em processos de aposentadoria – e se evidencia principalmente contra os mais idosos.

Trabalhadores mais jovens costumam ter maior probabilidade de serem entrevistados e contratados em relação a adultos de meia-idade e pessoas mais velhas. Em um experimento na Espanha, quando empregadores foram apresentados ao currículo de um candidato mais velho e ao de um candidato mais jovem, ambos com características equivalentes, o mais jovem foi preferido. Neste experimento, a taxa de retorno de chamada para entrevista do candidato de 28 anos ficou 77% acima da do candidato de 38 anos.

Para aqueles que estão empregados, o “ageismo” afeta principalmente no tocante ao acesso a oportunidades de treinamento. Um estudo na Suíça mostrou que 53% dos funcionários de todas as idades acreditavam que os trabalhadores mais velhos são mais difíceis de treinar e 52% que eles são menos interessados em empregos desafiadores. Na Grécia, Hungria, Polônia e Espanha, quase metade dos empregados com mais de 50 anos ouvidos em uma pesquisa sobre saúde, envelhecimento e aposentadoria relataram não ter tido oportunidades de treinamento.

O preconceito contra a idade custa bilhões de dólares à sociedade, mas há poucas estimativas do impacto econômico associado ao “ageismo”. Na Austrália, projeções sugerem que, se 5% mais pessoas com 55 anos ou mais estivessem empregadas, haveria um resultado positivo de 48 bilhões de dólares australianos por ano na economia nacional.

A OMS acredita que a formulação de políticas públicas e a promulgação de leis pode ser uma estratégia importante para reduzir ou eliminar o preconceito contra a idade nos países, junto com intervenções educacionais e o estímulo a atividades de interação entre gerações. A organização faz três recomendações às nações no combate ao “ageismo”:

  • Investir em estratégias para prevenir e responder ao preconceito contra a idade.
  • Elaborar pesquisas para compreender melhor o preconceito contra a idade e como reduzi-lo.
  • Lançar campanhas para mudar a narrativa em torno da idade e do envelhecimento.

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