Jovens dominam cursos de inteligência artificial; a maioria custeia as capacitações

Levantamentos mostram que profissionais de 20 a 30 anos são maioria entre os estudantes de IA, mas professores enxergam avanço da tecnologia com cautela

Os profissionais jovens estão à frente da corrida pelo aprendizado em inteligência artificial. Segundo pesquisa da Superprof, rede global de tutores, 66% dos estudantes de IA têm entre 20 e 30 anos. O grupo é o principal responsável pelo aumento na procura por cursos de machine learning, deep learning e Processamento de Linguagem Natural (PLN), três dos temas mais populares entre os aprendizes.

A tendência reflete uma mudança clara no mercado: a tecnologia está deixando de ser um diferencial e se tornando uma competência essencial para trabalhadores de diferentes áreas.

No entanto, dominar apenas as ferramentas técnicas não basta. De acordo com os professores consultados pela Superprof, quem deseja se manter competitivo também precisa investir em habilidades como pensamento crítico, resolução de problemas e inteligência emocional — justamente as características que ainda diferenciam as pessoas das máquinas.

Descompasso entre interesse e oferta de treinamentos

Apesar do entusiasmo dos jovens, a preparação dentro da maioria das empresas parece avançar em um ritmo mais lento. Um levantamento da Think Work mostra que apenas metade das organizações (51%) já oferece cursos sobre inteligência artificial voltados para aplicações práticas no dia a dia do RH, por exemplo.

Há, porém, um grupo expressivo de companhias que ainda está no início dessa jornada (ou nem pretendem trilhá-la): 23% afirmam que pretendem oferecer capacitações em breve, e 6% dizem não ver necessidade de abordar o tema por enquanto.

Os dados da Think Work também mostram que os treinamentos tendem a priorizar aspectos práticos e operacionais. Os conteúdos mais abordados são as aplicações diretas da IA no RH (61%) e o uso de ferramentas como ChatGPT e Copilot (57%). Já os temas menos explorados envolvem ética e vieses em algoritmos (28%) e prompt design e uso de IA generativa (27%).

Outra informação que chama atenção é o movimento de aprendizagem autônoma dos trabalhadores. Segundo a consultoria Gusto, dois terços estão pagando do próprio bolso por cursos e ferramentas de IA, enquanto apenas um terço recebeu treinamentos oferecidos por seus empregadores. Na maioria dos casos, essas formações só são direcionadas à alta liderança, o que pode aprofundar desigualdades internas.

Regulação antes de capacitação?

Ainda que a demanda seja grande, a pesquisa da Superprof mostra que, mesmo entre os tutores especializados, há cautela com os impactos da IA.

Todos os 41 entrevistados nos Estados Unidos afirmaram que ferramentas como o ChatGPT aumentaram sua produtividade — sendo 63% de forma “extrema”. Entretanto, 80% acreditam que a IA pode intensificar a disseminação de desinformação, e mais da metade defende uma regulamentação mais rigorosa sobre o uso dessas tecnologias.

À medida que a inteligência artificial se torna mais presente nas rotinas profissionais, cresce a percepção de que o aprendizado contínuo será determinante para o futuro do trabalho. E, embora os jovens estejam puxando a fila na busca por conhecimento, o desafio é fazer com que as empresas acompanhem esse movimento não apenas oferecendo cursos técnicos, mas regulando o uso e promovendo uma formação mais ampla, que una tecnologia, ética e empatia.

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