“O futuro do trabalho será marcado pela adaptação constante do humano à tecnologia e de como ela tornará o emprego mais fácil, leve e prazeroso.” Essa é a visão de Sandra Barquilha, diretora de RH na 3M, em seu artigo para a Think Work Today
Quando pensamos no futuro, imaginamos carros voadores, robôs circulando pelas ruas, pessoas se teletransportando, hologramas e realidade virtual misturada à vida real. E nos perguntamos: quando ele começa?
Ele já chegou! Não há carros voando, mas existem aviões cada vez mais velozes encurtando distâncias. Vemos civis explorando viagens espaciais. E inteligências artificiais dominam nossa vida cotidiana, de máquinas de café à plataforma de streaming, de pesquisas avançadas a uma infinidade de opções de compras e serviços sem a necessidade de sairmos de casa.
E o futuro do trabalho? Também já estamos nele. A pandemia acelerou a transformação digital. E a tecnologia está tão presente que não conseguimos pensar em nossas rotinas sem os aplicativos, a automatização de tarefas ou sem a conectividade do mundo atual. Igualmente não nos imaginamos indo todos os dias ao escritório sem que haja necessidade.
O teletransporte é impossível, mas as plataformas digitais de colaboração têm quebrado as barreiras físicas e mostrado que podemos atuar de qualquer lugar, interagir e até nos sentir mais próximos de pessoas distantes. Mas, se por um lado, a evolução tecnológica facilitou a forma como realizamos o trabalho, outros fatores têm adicionado complexidade à gestão de pessoas.
Uma comunidade atenta à sustentabilidade e ao cuidado com o planeta é uma tendência que deve somar desafios aos negócios. Questões sociais, já presentes anteriormente, foram potencializadas com a pandemia. E há ainda o aumento da expectativa de vida da população mundial. Pessoas vivendo mais tendem a trabalhar por mais anos, algo que afetará suas escolhas de carreira. Há tempos, o emprego não é somente fonte de sustento e, no futuro, se conectará ainda mais com propósito, valores e motivação pessoais.
Estamos experimentando uma nova era na gestão de pessoas, na qual o virtual se tornou predominante e o espaço corporativo foi substituído por chats, vídeos e outros sistemas.
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Neste “futuro do trabalho” que estamos vivendo, “inclusão” significa não só o respeito pelas diferenças na empresa, mas a integração entre casa e serviço, que se tornaram uma coisa só. O virtual coloca à mesa outros desafios ligados à vulnerabilidade e exige atenção à saúde mental, aos problemas sociais e à demanda por equidade social, racional ou de gênero. Assuntos antes vistos como tabu ou excluídos da agenda corporativa tornam-se vital para a gestão de produtividade e engajamento.
Sob a perspectiva do funcionário, ele precisa estar em constante reinvenção. O conhecimento se torna perecível e a vida, uma jornada de aprendizagem. O futuro traz muitas oportunidades de aprendizagem, desenvolvimento e novas formas de trabalhar. A transformação tecnológica faz com que tudo fique mais rápido, maior e disponível o tempo todo. Portanto, cabe ao humano desenvolver habilidades difíceis de serem substituídas pelas máquinas e aproveitar a automatização para empregar seu capital intelectual em atividades mais analíticas, de tomada de decisão, de julgamento e criação.
Além disso, o profissional precisa assumir o protagonismo na gestão de sua carreira e de seu desenvolvimento. Com a perspectiva de uma vida longeva, ciclos mais curtos de carreira e mais diversificados vão permear o futuro. O trabalhador terá de criar formas de estabelecer reais vínculos e de manter as relações mesmo em um ambiente baseado em bites e Wi-Fi. Dessa forma, precisará reaprender a utilizar habilidades de colaboração, cocriação e interação que permitam a inovação e ajudem a identificar novas soluções.
Há mais incertezas do que certezas, mas arrisco dizer que o futuro do trabalho será marcado pela adaptação constante do humano à tecnologia e de como ela tornará o emprego mais fácil, leve e prazeroso. Afinal, trabalhar se integra cada vez mais à vida. E a vida merece ser vivida.
Excelente artigo, Sandra.
Pontos de reflexão interessantes como lifelong learning, adaptação eterna, prazer e leveza no trabalho e futurismo “pé no chão”.
E profissões que, aparentemente, não podem ser feitas remotamente começam a ser repensadas com recursos de telemetria/tele comando, como o caso da telemedicina. Em breve será comum ver uma cirurgia ser feita por um braço robótico comandado remotamente por um médico super especialista no tipo de caso e apenas alguns médicos assistentes no local. IAs, por exemplo, no diagnóstico de algumas doenças ou na análise de imagens já estão mais avançadas que muitos profissionais especializados.
É o ser humano sendo potencializado pela tecnologia e se adaptando ao novo mundo, constantemente.