Sem planejamento, IA pode ameaçar pipeline de líderes

Mais de 40% das companhias planejam substituir funções por IA até 2026, especialmente em operações (58%) e cargos de entrada (37%), o que pode comprometer o desenvolvimento de futuros líderes

De acordo com o novo Talent Acquisition Trends Report da Korn Ferry, mais de quatro em cada dez empresas planejam substituir funções humanas por inteligência artificial até 2026, com foco em áreas operacionais e cargos de entrada.

Embora a medida traga ganhos em redução de custos, o estudo aponta um risco estratégico: o enfraquecimento da base de talentos e o bloqueio da principal porta de entrada para o desenvolvimento de futuras lideranças.

Ao eliminar cargos juniores, as empresas podem reduzir drasticamente o espaço para formação, aprendizado e experimentação profissional, etapas essenciais para preparar líderes do futuro. Na prática, isso significa interromper o ciclo natural de sucessão, algo que pode fragilizar o desenvolvimento de gestores no longo prazo.

O levantamento, que ouviu mais de 1.670 líderes globais de talentos e 230 especialistas da consultoria, ainda revela que apenas 11% dos executivos se sentem preparados para conduzir suas equipes na transição para a era da IA.

O dado indica que a transformação digital ainda não vem acompanhada da mesma velocidade na gestão de pessoas, criando uma lacuna entre tecnologia e liderança.

“Contratando” robôs, mas buscando competências humanas

Apesar do avanço da automação, as chamadas “habilidades humanas” continuam no centro das prioridades corporativas.

Cerca de 73% dos líderes entrevistados apontam o pensamento crítico como a principal competência buscada nas contratações. Ela é mais valorizada, inclusive, que as habilidades técnicas em IA. Os empregadores buscam profissionais capazes de interpretar resultados, identificar falhas e equilibrar o uso da tecnologia com a tomada de decisão humana.

Assim como outras pesquisas, os números da Korn Ferry indicam que não basta simplesmente substituir funções. O desafio está baseado em como os RHs e os tomadores de decisões dentro das corporações vão alinhar fatores humanos e tecnológicos de forma harmônica e estruturar novos processos de desenvolvimento e sucessão.

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