Você está falando com um robô? IA já seleciona, entrevista e elimina candidatos 

Utilização de inteligência artificial em processos seletivos é útil, mas precisa haver transparência e equilíbrio com fator humano

A inteligência artificial já se tornou parte dos processos seletivos em empresas de todos os portes, especialmente nas maiores. 

Segundo uma pesquisa da Resume Builder, 82% das companhias usam ferramentas de IA para triar currículos e 64% empregam a tecnologia para avaliar testes e tarefas aplicadas aos candidatos. 

Algoritmos determinam onde e para quem os anúncios serão exibidos e analisam currículos automaticamente, filtrando candidatos com base em palavras-chave e padrões pré-estabelecidos.

Embora sejam funcionalidades interessantes, quando esse direcionamento não é bem feito, pode restringir o alcance das vagas e reforçar padrões, limitando a diversidade de perfis considerados pelas organizações.

Além disso, 40% das empresas utilizam IA para se comunicar com os profissionais ao longo do processo e 23% já conduzem entrevistas com o apoio de algoritmos — número que deve chegar a 29% até o fim de 2025.

Nessa etapa de avaliação, onde testes gamificados, entrevistas por vídeo e análise de expressões faciais ou de tom de voz se tornaram cada vez mais comuns, a preocupação é que os critérios utilizados na comunicação carecem de respaldo científico e podem introduzir vieses.

Por outro lado, os ganhos de eficiência são atrativos. Dados da plataforma Gupy R&S mostram que 60% das pessoas contratadas estão entre as 10 primeiras recomendações da IA e 86% entre as 50 primeiras sugestões.

Os números indicam que o uso da tecnologia, quando bem calibrada, pode contribuir para acelerar e refinar a triagem, facilitando o trabalho dos recrutadores e aumentando a agilidade das contratações.

Usar ou não usar, eis a questão

O uso de IA no recrutamento ainda é um tema polêmico e aberto a interpretações. 

Por um lado, aplicações como o agendamento automatizado de entrevistas ou os chatbots que respondem dúvidas no site da empresa cumprem bem a promessa da tecnologia de agilizar tarefas operacionais e liberar tempo dos recrutadores. Por outro, o uso crescente da IA em decisões estratégicas e subjetivas exige cautela, já que pode afastar oportunidades de certos candidatos erroneamente. 

O desafio é encontrar o equilíbrio: usar a inteligência artificial para ganhar eficiência sem abrir mão do olhar humano. 

Mais do que escolher entre máquinas ou pessoas, é preciso pensar em processos mais justos, estratégicos e alinhados às necessidades reais das empresas e dos candidatos. A tecnologia pode indicar caminhos, mas a decisão final ainda depende de uma observação atenta das pessoas.

Para quem busca um novo emprego, isso significa investir nas duas frentes: adaptar o currículo com palavras-chave relevantes, destacar competências que dialogam com a descrição do cargo e manter as informações atualizadas pode aumentar as chances de ser notado pelas IAs, mas cultivar habilidades interpessoais, preparar-se para as entrevistas e demonstrar autenticidade continua sendo essencial.

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