Em meio à pandemia, além de oferecer suporte psicológico, empresas talvez devessem acompanhar a saúde de funcionários enlutados
Foi inevitável. Durante a pandemia de covid-19, a morte se tornou algo constante para a maioria de nós. Seja pela perda de um ente querido, entre os 3,15 milhões de mortos no mundo em decorrência do novo coronavírus, seja por conta do noticiário com números cada vez mais alarmantes sobre os óbitos relacionados à doença.
Porém, embora a ciência entenda o que acontece com a mente de pessoas enlutadas, chegando até a criar parâmetros para as fases do luto, pouco se sabe sobre os efeitos desse processo no corpo humano.
Novos estudos sugerem que, durante as primeiras semanas, pessoas enlutadas apresentam elevações na pressão arterial e na frequência de batimentos cardíacos, desenvolvendo uma maior propensão a doenças cardiovasculares.
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Outras pesquisas apontam uma relação entre sentimentos relacionados ao luto e prejuízos ao sistema imunológico, deixando os indivíduos mais suscetíveis a processos inflamatórios.
Em um estudo publicado em 2012, por exemplo, os pesquisadores mediram a frequência cardíaca de 78 pessoas enlutadas duas vezes: uma vez durante 24 horas nas primeiras duas semanas após a morte do cônjuge ou filho, e novamente pelo mesmo período de tempo seis meses depois.
Eles descobriram que seus batimentos cardíacos estavam inicialmente mais rápidos, depois voltaram ao normal, sugerindo que os enlutados podem ter, pelo menos temporariamente, um risco maior de doenças cardíacas
Cientes do impacto que a morte de pessoas queridas ou a sensação de incerteza traria aos funcionários, empresas fortaleceram programas de saúde mental durante a pandemia. Talvez seja hora de pensar também em parcerias com as operadoras de saúde e criar um programa voltado para acompanhamento e prevenção de doenças dos funcionários que lidaram com o luto.
