Homens buscam menos apoio psicológico no trabalho, aponta pesquisa

Mesmo com o avanço das políticas de saúde mental nas empresas, homens ainda hesitam em procurar apoio psicológico, evidenciando que o estigma e a falta de acolhimento continuam presentes

De acordo com a pesquisa Saúde Mental e Bem-Estar no Trabalho, realizada pela Think Work em parceria com o iFood Benefícios, em 2025, os níveis de estresse continuam alarmantes: 48% dos profissionais dizem que o trabalho causa uma sobrecarga alta, e 12% afirmam que esse estresse é excessivo e já compromete a saúde. 

Mesmo com esse cenário, uma parte significativa das pessoas ainda hesita em procurar apoio. Os homens, em especial, continuam sendo os que mais sofrem calados.

O levantamento apurou que 57% das mulheres buscaram ajuda psicológica nos últimos dois anos. Entre os homens, o percentual é de 42%. 

Quando questionados sobre os motivos que os impediram de pediram amparo, 20% dos homens citaram o medo de se expor, enquanto entre as mulheres esse índice foi de 14%. Já 18% deles disseram não acreditar que o apoio fosse ajudar — uma desconfiança que apareceu em 12% das mulheres.

Os dados sugerem que, além do estigma pessoal, há também uma percepção de falta de respaldo institucional, o que reforça o afastamento masculino.

Curiosamente, o motivo mais comum entre as mulheres para não buscar assistência é “nunca senti necessidade”, apontado por 63% delas. Entre os homens, essa percepção aparece em menor proporção: 48%. 

Uma hipótese é que muitas profissionais podem estar normalizando seus níveis de estresse e angústia, minimizando sinais que mereceriam atenção. Já o público masculino, mesmo percebendo a necessidade, resiste por não confiar no processo ou por medo de julgamento.

Nova NR-1 propõe mudança, mas não basta cumprir norma

A nova versão da NR-1, que entrou em vigor no dia 26 de maio de 2025, determina que riscos psicossociais passem a ser considerados nos programas de gestão de saúde e segurança. Inicialmente, a fiscalização será educativa, permitindo que as empresas se adaptem até 2026. 

A mudança é importante, mas sozinha não será suficiente para transformar, de fato, o ambiente corporativo. Será preciso romper com os estigmas que ainda associam o cuidado emocional à fraqueza, e isso começa com uma mudança na cultura organizacional, que deve normalizar o ato de pedir ajuda, independentemente do gênero.

Cuidar da saúde mental no trabalho não é apenas uma questão de oferecer benefícios ou seguir normas. É sobre garantir que todas as pessoas, independentemente de quem sejam, sintam que podem ser ouvidas, acolhidas e apoiadas.

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