Relatório mostra que decisões de contratação ainda se baseiam em impressões pessoais e linguagem subjetiva, deixando habilidades em segundo plano
Apesar do discurso cada vez mais forte em favor da contratação baseada em competências, a realidade dentro de muitas empresas ainda segue outro rumo.
Um estudo da empresa de tecnologia Textio revelou que organizações seguem escolhendo candidatos com base em afinidade pessoal — ou no famoso “feeling” — e não necessariamente nos requisitos técnicos da vaga.
Segundo a análise de mais de 10 mil entrevistas, candidatos descritos como pessoas com “ótima personalidade” tinham 12 vezes mais chances de receber propostas de emprego. Eles também foram cinco vezes mais associados à característica “simpático” e quatro vezes mais descritos como tendo “boa energia”.
Desigualdade impacta presente e futuro
Além da preferência por características subjetivas, o relatório revelou um padrão de linguagem desigual entre gêneros.
Mulheres tidas como boas candidatas foram descritas como “alegres” e “agradáveis” muito mais do que os homens, enquanto estes foram considerados “racionais” e “seguros” com muito mais frequência.
Essa disparidade reforça estereótipos de gênero e pode influenciar diretamente nas decisões de contratação, muitas vezes em detrimento da avaliação objetiva das qualificações dos trabalhadores.
Quando traços subjetivos são usados de forma desigual para descrever pessoas com base em seu gênero, cria-se um cenário em que mulheres são valorizadas por qualidades interpessoais enquanto homens são reconhecidos por sua capacidade técnica.
Isso impacta não apenas quem é contratado, mas também nas oportunidades futuras de crescimento dentro das organizações.
A pesquisa da Textio mostra que é muito fácil perpetuar vieses. É por isso que cabe ao RH e aos líderes reverem práticas, investir em metodologias mais objetivas e garantir quais competências devem, de fato orientar as decisões.
A construção de equipes mais diversas, qualificadas e alinhadas aos desafios do negócio começa com processos seletivos conscientes e responsáveis.