Mulheres, pessoas negras e latinos estão entre os mais afetados pelos cortes que devem atingir até 12% do funcionalismo público federal nos EUA

As demissões em massa promovidas pelo governo Trump já deixaram dezenas de milhares de servidores públicos federais dos Estados Unidos sem emprego ou em licença por tempo indeterminado. E o cenário pode piorar. 

De acordo com o New York Times, ao menos 12% dos 2,4 milhões de trabalhadores do setor público federal devem ser afetados por cortes mais profundos, ordenados por diversas agências governamentais.

Além do impacto direto na estabilidade que essas carreiras tradicionalmente ofereciam, os cortes representam um duro golpe para os esforços de diversidade, equidade e inclusão.

Agências com mais diversidade estão entre as mais afetadas

Dados analisados pelo National Women’s Law Center (NWLC) mostram que mulheres e pessoas não-brancas estão entre os grupos mais afetados, o que pode indicar um caráter discriminatório das medidas.

Isso estaria acontecendo, principalmente, porque certas agências federais que foram marcadas para demissões são justamente as que têm taxas altas de trabalhadores latinos e indígenas.

Em órgãos como o Departamento de Assuntos de Veteranos, onde as mulheres representam 64% do quadro funcional, cerca de 80 mil cargos estão na mira dos cortes. No Departamento de Educação, 63% dos servidores são mulheres, e a equipe já foi reduzida pela metade. No Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano, que também está na mira, 36% dos servidores são negros — o dobro da média do funcionalismo federal. 

Outro foco dos cortes são os servidores em período probatório, que ainda não têm estabilidade. Quase 25 mil desses profissionais, que geralmente estão no início da carreira, já foram demitidos. 

Embora decisões judiciais tenham determinado reintegrações temporárias, uma nova sentença emitida em abril autorizou a retomada das demissões.