Só 40% das empresas têm programas de T&D estruturados

Levantamento revela que a maioria das companhias ainda opera sem plano anual ou metas de desenvolvimento — e que investimento e tempo dedicado ao T&D crescem conforme a maturidade

A maior parte das empresas brasileiras já entendeu que investir em desenvolvimento de pessoas é essencial. O problema é que, na prática, poucas conseguem fazer isso de forma consistente. 

A pesquisa Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas: Raio-X do aprendizado no Brasil, realizada pela Think Work em parceria com o iFood Benefícios, mostra que menos da metade das empresas (40%) têm programas de T&D realmente estruturados, com plano anual, metas claras e acompanhamento sistemático.

A maioria opera com uma dose de improviso: 46% promovem cursos e capacitações com frequência, mas sem planejamento formal ou análise de resultados e 11% fazem ações pontuais e reativas, sem processos definidos. 

O abismo entre intenção e prática

Um dos pontos mais reveladores do estudo é o quanto a maturidade do T&D impacta a gestão de recursos. 

Empresas que não têm programas organizados quase nunca destinam orçamento específico para o desenvolvimento de pessoas. Quando o fazem, o investimento raramente passa de 1% do total do RH. 

Já entre aquelas com estratégias formalizadas, três em cada dez destinam mais de 15% do orçamento à formação de funcionários.

O tempo também faz diferença. Em empresas maduras, 41% dos profissionais de RH dedicam ao menos 30% da carga horária ao desenvolvimento de pessoas. Nas parcialmente estruturadas, esse número cai para 16% — e é quase inexistente nas que ainda não deram o primeiro passo.

A consequência é previsível: enquanto as companhias com programas robustos conseguem colher resultados mensuráveis, as demais patinam com ações isoladas, falta de engajamento das lideranças e pouca clareza sobre quais competências priorizar.

Visão dos trabalhadores

Apesar das dificuldades, há boas notícias. As práticas mais comuns hoje, como formação de lideranças (41%), trilhas de aprendizado (40%) e subsídio para cursos externos (40%), mostram que as empresas estão, aos poucos, ampliando suas estratégias. 

O desafio é tornar essas iniciativas mais personalizadas: apenas 26% adaptam trilhas com base em perfil, desempenho e competências individuais.

Do ponto de vista dos funcionários, os treinamentos são, em geral, bem avaliados, mas ainda carecem de aplicação prática. Quase metade dos profissionais dizem participar das atividades, mas sentem falta de conexão com o dia a dia de trabalho. 

O recado que a pesquisa deixa é que treinar é importante, mas desenvolver de verdade exige estratégia, cultura e continuidade. 

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