Empresas gostam de afirmar que as pessoas são seu principal ativo. Ironicamente, mensurar o valor do capital humano de uma companhia não é tão simples quanto o de sua produção, fábricas e ativos financeiros. Além disso, a gestão de pessoas não se baseia exclusivamente em elementos objetivos e mensuráveis.
Gestores precisam lidar com as emoções humanas e toda a carga de subjetividade e incerteza que elas carregam frente aos novos desafios. Muitas práticas são construídas na base do experimento, da tentativa e erro. E, cada vez mais, essas práticas tornam-se sujeitas ao escrutínio do público.
Basta olhar para a reação que Bayer e Magazine Luiza despertaram, nas redes socias, ao criar programas de trainee exclusivos para negros, em 2020. Ou, ainda, para os ataques que a co-fundadora do Nubank, Cristina Junqueira, sofreu ao falar, numa entrevista, sobre os obstáculos à inclusão enfrentados pela fintech. O tema é tão sensível que alguns executivos evitam comentar ou medem as palavras ao falar do assunto, temendo serem mal interpretados. A propósito, como você, gestor de RH, tem se posicionado em relação ao tema da igualdade racial na sua empresa?
Cada vez mais pressionados a dar este tipo de resposta, o profissional de RH hoje sofre com uma contradição. De um lado, deseja inovar nas práticas de gestão de pessoas, compreender as transformações sociais e aprofundar o conhecimento sobre boas práticas. De outro, ainda precisa lidar com uma carga elevada de questões burocráticas, processos engessados e falta de recursos.
Uma pesquisa da Think Work com mais de 100 participantes (sendo 46% diretores e vice-presidentes de grandes companhias), realizada entre agosto e setembro, revelou que mais de três quartos dos gestores de RH gostariam de desenvolver um mindset digital, trazer inovação para a gestão de pessoas e aprofundar sua compreensão sobre transformações sociais. Mas a imensa maioria (80%) não consegue ir além das tarefas cotidianas: cuidar da folha de pagamento, contratar, avaliar e treinar os funcionários. É suficiente para atender às novas demandas? O CHRO sabe que não.
Mais de três quartos dos executivos afirmaram que suas equipes precisam desenvolver uma maior capacidade de inovação e compreensão sobre como mudanças sociais podem afetar a gestão de pessoas.
Um estudo da Texas A&M University mapeou como o profissional de recursos humanos deveria agir durante uma crise para apoiar a liderança. De acordo com os pesquisadores, cabe ao RH, entre outras coisas: providenciar dados sólidos e confiáveis, promover a inovação, assegurar o aprendizado contínuo da mão de obra, criar uma plataforma para celebrar os funcionários e, inclusive, expandir seu próprio network profissional.
A troca de conhecimento entre pares e profissionais de outras empresas é um traço marcante na área de RH. Essa rede foi essencial durante a pandemia da covid-19, quando o líder de RH se tornou “o centro da gravidade”, de acordo com um artigo publicado por executivos da Merryck & Co. David Reimer e Adam Bryant, os autores, citam as novas atribuições do RH, que vão de responder questões existenciais (como manter a saúde mental dos funcionários à distância?) a negociar o aluguel do escritório, passando pela transformação organizacional.
Nessa mudança, cinco prioridades emergiram no departamento – tarefas que serão o ponto de virada para a contribuição ao negócio. São elas: